INFORMATIVO N.º 016 – ESCRITÓRIO DE APOIO AO AGRONEGÓCIO CAFÉ
Começou hoje, 22/05/2006, mais uma rodada de reuniões da Organização Internacional do Café – OIC. No início da manhã, o Ministro Roberto Rodrigues apresentou para o Conselho da Organização, as conclusões da 2.ª Conferência Mundial do Café, por ele presidida, ocorrida em Salvador em setembro do ano passado. O Ministro iniciou sua apresentação enfatizando que o objetivo do Fórum foi discutir a cooperação internacional promovendo a criação de instrumentos de Mercado e assim buscar distribuição de renda mais eqüitativa e a sustentabilidade do agronegócio.
O tema da Conferência foi aprender com a crise, buscar soluções de mercado e promover a sustentabilidade. A apresentação foi dividida em cinco pontos:
– Ambiente Econômico, Consumo/Demanda, Produção/Oferta, Sustentabilidade e Transparência ao Mercado.
– AMBIENTE ECONÔMICO:
O Mercado de café não está isolado, estando inserido no mercado de commodities, na economia global, sem clima para intervenções. Os instrumentos de mercado que devem ser utilizados para a equilibrar produção e consumo e garantir remuneração eqüitativa em toda cadeia produtiva devem dar ênfase no elo mais fraco – a produção, sem prejuízo dos demais. Outro ponto que o Ministro frisou foi o consenso havido de que o Agronegócio Café mundial quer ir na direção oposta ao controle de mercados, que todos os países produtores necessitam ter acesso a mercados. A eliminação das barreiras tarifárias, a diversificação de atividades por parte dos produtores e a agregação de valor são os demais pontos de consenso, do que deve ser priorizado na agenda futura da OIC.
Para atingir estes objetivos, é necessário desenvolver mecanismos de mercado que possibilitem o ordenamento do fluxo das safras, garantir abastecimento estável, distribuir ganhos na cadeia, gerando benefícios para todos.
– CONSUMO / DEMANDA
A fim de promover o aumento de consumo, a Conferência foi rica em recomendações, havendo sugestões diferentes para cada Mercado (consumidores tradicionais, países emergentes e países produtores), destacando-se o papel da OIC neste processo.
Nos mercados tradicionais – Estados Unidos, Europa e Japão, há espaço para desenvolvimento de novos produtos e inovações como os saches, o expresso e novas bebidas à base de café. Nestes mercados os programas institucionais como Café e Saúde e Positively Coffee devem ser expandidos aproveitando a explosão das lojas de café.
Já nos mercados emergentes – Rússia, Leste Europeu, China, Sudeste da Ásia e Oriente Médio, preços acessíveis tornam-se mais importantes para atrair os novos consumidores. O solúvel deve ser difundido e utilizado como porta de entrada, a exemplo do que ocorreu no Japão, quando se iniciou a difusão do consumo do café.
Nos países produtores é necessário desenvolver a cultura do café, e melhorar a qualidade do produto que é consumido internamente. Neste aspecto, o exemplo que a Abic vem desenvolvendo, dobrando o consumo do café no Brasil nos últimos 10 anos, mostra que o consumidor dos países produtores responde a melhoria da qualidade. A maior parte dos países produtores, a exemplo do que ocorria até há pouco tempo em nosso país, só industrializa produtos de má qualidade para o mercado interno.
O OIC deve atuar como indutora e catalisadora para o desenvolvimento do consumo mundial em todos os mercados.
– PRODUÇÃO / OFERTA
Os instrumentos de mercado devem ser desenvolvidos a fim de coordenar produção, evitar super oferta, buscar níveis de preços remunerativos para evitar perpetuação de crises.
Os produtores devem se organizar via cooperativas, associações e outras entidades aglutinadoras para encurtar cadeia, obter acesso ao crédito, promover o gerenciamento de risco, promover a qualidade, desenvolver a certificação, rastreabilidade, desta forma, agregar valor ao produto. Também a capacitação e criação de alianças estratégicas que possibilitem melhores resultados na comercialização da safra, ganhando escala e reduzindo custos, deve ser buscada.
Por fim, para agregar valor os produtores necessitam fazer a industrialização do café nos seus países de origem, pois o produto final tem preço mais estável que a matéria prima, desde que tenham acesso a mercados dos países desenvolvidos.
– SUSTENTABILIDADE
A sustentabilidade econômica é pré-requisito da sustentabilidade ambiental e social. A sustentabilidade econômica é fruto de grande série de ações – pesquisa, tecnologia, insumos, em cuja base está o trabalho do produtor – comercialização, industrialização, distribuição, etc.
Uma série de iniciativas vem se desenvolvendo e sofisticando, mas falta maior ênfase à sustentabilidade econômica, que facilite o acesso de pequenos produtores à certificação e outros processos que agreguem valor ao seu produto. Há a necessidade de buscar doadores internacionais que apóiem estas iniciativas.
– TRANSPARÊNCIA AO MERCADO
A maior transparência de mercado é um instrumento fundamental para diminuir a volatilidade, reduzir os bruscos movimentos de altas e baixas no mercado, tornando-o mais estável.
Para isto é necessário usar tecnologias modernas para aumentar a transparência da oferta, previsão de safra, o monitoramento de estoques, da demanda, enfim estatísticas confiáveis que permitam aos agentes realizar projeções e tendências de mercado, a fim de coordenar a produção, incentivar a demanda de maneira adequada, garantindo assim a sustentabilidade da cafeicultura no mundo.
PAPEL DA OIC
A OIC pode ter papel preponderante em áreas como estatísticas e projeções, exercendo as funções de preparação, integração e validação.
Deve ainda buscar recursos e coordenar programas que envolvam vários países, integrando as suas políticas, facilitando as iniciativas de sustentabilidade, com normas, direitos e obrigações equilibrados através de negociações entre os participantes da cadeia.
O OIC deve atuar como indutora e catalisadora para o desenvolvimento do consumo mundial em todos os mercados.
COMENTÁRIOS FINAIS
A OIC deve aproveitar a grande convergência de idéias ao redor de temas importantes e extrair recomendações práticas que possam servir de subsídio para o novo Acordo Internacional do Café – AIC e para o futuro da OIC.
Por fim o Ministro Roberto Rodrigues, comentou a gestão pluralística e democrática que há na condução da política cafeeira no Brasil através do CDPC, o gerenciamento moderno via instrumentos de mercado que utilizamos, com destaque para as CPR´s, Programas de Opções e leilões dos estoques governamentais. Não há mais espaço para taxas de contribuição, cotas e controles artificiais de mercado” – destacou Roberto Rodrigues.
O Brasil vem empreendo também esforços para a maior transparência da produção, estoques e consumo brasileiros e se torna referência o trabalho da Abic com a promoção agressiva do consumo doméstico. A Conferência mostrou que agronegócio Cafés do Brasil está no caminho certo – finalizou o Ministro, que foi muito aplaudido por todos participantes.
O Deputado Silas Brasileiro, que participa da Delegação Brasileira, nos enviou as informações para transmiti-las para aos cafeicultores. Amanhã, estaremos informando sobre os avanços nas negociações do novo Acordo Internacional do Café.
Brasília, 22 de maio de 2006.
ESCRITÓRIO DE APOIO AO AGRONEGÓCIO CAFÉ