01/10/09
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO DA SUCURSAL DO RIO
“Se não fui convidado para o baile, não vou para o café da manhã.” Assim o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, justificou, por meio de sua assessoria, a ausência na apresentação dos dados do Censo Agropecuário de 2006.
Na sua avaliação, a mostra dos dados da agricultura familiar prejudicou a avaliação do agronegócio brasileiro. Como o IBGE incorporou à agricultura familiar as pequenas propriedades, o desempenho do setor ganhou destaque e ofuscou a importância do agronegócio na balança comercial.
Por meio da sua assessoria de imprensa, o ministério informou que somente depois de uma análise mais detalhada irá se pronunciar sobre os dados do levantamento.
A CNA (Confederação Nacional da Agricultura) também considera que a análise dos dados relacionados à agricultura familiar pode ter gerado distorções. De acordo com a entidade, um estabelecimento não pode ser considerado como uma unidade familiar, pois o mesmo produtor poderia ser contado mais de uma vez.
A coordenadora de assuntos econômicos da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Rosimeire Santos, avalia que o aumento da concentração demonstra que a política agrária do governo não tem gerado resultados. Ela explica que, sem garantir acesso ao crédito e à assistência técnica, o governo acaba forçando a saída do produtor do campo.
“Não basta dar a terra, é preciso dar condições para que o produtor permaneça nela. Entre ter a terra e produzir há uma grande diferença”, afirmou Rosimeire.
Pelo critério adotado pelo IBGE, um estabelecimento familiar se caracteriza pela limitação de área de quatro módulos rurais -que podem variar entre cinco e cem hectares, de acordo com a região do país- e pelo uso predominante da mão-de-obra da família.
Para o IBGE, a renda familiar deve provir da produção -não só da atividade agropecuária, mas também da silvícola, da extrativista e da pesqueira.