Mínimas em Reais e Fundos na Compra Por Rodrigo Costa

06/01/2013

Em primeiro lugar gostaria de justificar que acabei não escrevendo o que seria o último relatório de 2013 em função do nascimento antecipado de minha filha, que passa muito bem assim como minha esposa, obrigado.

Na mesma semana da nossa surpresa a maioria dos investidores também se surpreendeu, só que com a diminuição da compra de títulos pelo FED, que cortou 10 bilhões de dólares mensais dos 85 bilhões que vinha injetando na economia desde novembro de 2008. Para contrabalancear o que poucos imaginavam que iria acontecer, o FOMC disse que os juros baixos serão mantidos mesmo que a taxa de desemprego caia bem abaixo de 6.5%, com a condição da inflação não romper os 2.5% ao ano.

O ano de 2013 encerrou tendo como líder em ganhos de rendimentos o mercado acionário mundial, com exceção aos emergentes. As principais bolsas americanas subiram entre 26.50% e 38.32%, as européias entre 14.43% e 30.31%, e a japonesa 29.48%. Na China a queda foi de 3.94%, e no Brasil -26.59% (a base para todos está em dólares americanos).

As commodities em grande maioria tiveram performances negativas, com o milho caindo 39.56%, seguido pelos -35.91% da prata, os -28.26% do ouro e os -23.02% do café arábica.

O mercado de café nas últimas três semanas teve o comportamento fraco do robusta, que cedeu US$ 9.30 por saca, enquanto o arábica ganhou US$ 1.46 por saca, ajustando a arbitragem que foi talvez a oportunidade de ganho mais fácil vista recentemente.

O comentário acima é baseado apenas nos fechamentos entre o dia 13 de dezembro de 2013 e 3 de janeiro de 2014, o que não reflete a volatilidade que vimos nos preços – principalmente nas duas curtas semanas entre as festas de final de ano. No último pregão de 2013 o contrato da ICE escorregou 4 centavos por libra, encerrando a 110.70 centavos, no que pareceu ser um “ajuste” para ajudar a posição dos fundos. Na sexta-feira última a recuperação foi mais acentuada e o fechamento indica que mais altas devem acontecer.

Conforme vinha defendendo neste espaço, todas as notícias baixistas de excesso de produção, estoques crescentes, e demanda adaptada a qualidades menos diferenciadas já estavam descontadas nas cotações, com o agravante dos fundos estarem vendidos. Os dados estatísticos divulgados pelos USDA, e pelos principais operadores de café, apontam para uma mais um ano de sobra na safra atual, e perspectivas de sobras também para o ciclo 2014/2015.

O ambiente em geral parece apontar que maioria ainda está baixista, com muitos operadores tentando acertar o melhor ponto de entrar vendido novamente. Já vimos várias vezes um enredo parecido, e muito embora seja verdade que o Vietnã deve ser um bom vendedor durante o mês de janeiro (antes do inicio das comemorações do inicio do ano lunar), e que nos próximos 5 a 10 centavos o Brasil também participará das vendas, é bom não esquecermos que depois disto pressão mesmo só deve ocorrer a partir de Abril.

Isto se não continuarmos a ver reduções das estimativas de safra brasileira, que tem diminuído o clube dos que apostam em uma produção maior do que 60 milhões de sacas.

A incerteza maior talvez fique por conta da moeda brasileira, que embora intrinsecamente aponte para maiores desvalorizações deverá ser “controlada” pelo Banco Central para que não desande rapidamente (ou muito?) – ainda mais em ano de eleições presidenciais.

Para finalizar os fundos de índice devem comprar em torno de 10 mil contratos a partir de quarta-feira dia 8 de janeiro, volume dividido em cinco pregões sequenciais.

Não acho que o mercado tenha um potencial de alta muito grande, mas continuo achando que já vimos as mínimas (principalmente em Reais) pelo menos até o começo da safra brasileira. Aos que precisam vender seus cafés: continuem aproveitando as puxadas de preço.

Desejo um excelente 2014 a todos meus leitores e amigos, que desde 2001 tem prestigiado meus comentários (em inglês e português), trocando suas experiências e idéias que sempre enriquecem a discussão e a análise sobre o mercado.

Uma boa semana e muito bons negócios a todos.

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

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