POLÍTICA
09/03/2009
O novo secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), Ricardo Ferreira dos Santos, toma posse hoje, às 10 horas, no Salão São Thiago, no Palácio Anchieta, em Vitória. Confira a primeira entrevista do novo secretário.
Quais as principais metas à frente da secretaria de Agricultura?
O novo Plano Estratégico de Desenvolvimento da Economia Capixaba -2007/2025 estabeleceu as principais metas para 23 eixos temáticos e setoriais relevantes da agricultura. Mas não podemos deixar de considerar que as grandes cadeias produtivas da agricultura capixaba – cafeicultura, pecuária, fruticultura e silvicultura –, deverão merecer atenção especial em função de sua representatividade, abrangência, potencial e número de produtores envolvidos. A agregação de valor, elevação da produtividade e melhoria de qualidade, e, além disso, a incorporação – via pesquisa e assistência técnica rural –, de padrões tecnológicos que considerem a importância da conservação de recuperação dos recursos naturais serão itens permanentes. Alguns segmentos de grande importância regional – como a avicultura e suinocultura (Regiões Serranas e Sul), Hortifrutigranjeiros (Regiões Serranas), Cacauicultura (Litoral Norte), Agroenergia (Litoral Norte, Extremo Norte e Extremo Sul) Especiarias (Litoral Norte), Aquicultura e Pesca, e outras atividades como a floricultura e agricultura orgânica, têm demonstrado seu grande potencial no Espirito Santo.
E na área social, quais as prioridades?
As questões sociais rurais merecerão atenção toda especial, em continuidade ao trabalho do secretário César Colnago que criou o Programa de Valorização da Juventude Rural, incorporou grupos tradicionais (indígenas e quilombolas) como beneficiários dos programas da Secretaria da Agricultura e fortaleceu o apoio aos assentamentos de trabalhadores rurais.
O crédito rural está sendo afetado pelas restrições atuais adotadas pelos bancos?
O crédito rural, a julgar pelas informações que os bancos oficiais nos vem prestando, tem mantido uma evolução que consideramos adequada e possível dentro dos limites dessas instituições financeiras. É bem verdade, que existe espaço para adequarmos estas linhas em termos de agilidade na tramitação dos financiamento solicitados, taxas de juros e prazos compatíveis de acordo com a realidade das diferentes atividades agrícolas e dos diferentes segmentos sociais. Devo registrar que o Pronaf, criado ainda no governo Fernando Henrique, é hoje uma grande ferramenta para estimular os segmentos da pequena e média propriedade e posse familiar no meio rural.
A agricultura familiar terá novos estímulos para combater a crise e aumentar a produção?
No governo Paulo Hartung, desde a gestão do então secretário Ricardo Ferraço, hoje vice-governador, e que teve continuidade na gestão do secretário César Colnago, a agricultura familiar tem merecido absoluta prioridade na aplicação dos instrumentos de apoio do setor público agrícola. Deve-se mencionar, em especial, a criação por parte do governo estadual do Pronaf Capixaba, medida inovadora que aumentou e incorporou novos municípios, que passaram a ser contemplados com apoio financeiro para infra-estrutura e equipamentos destinados às associações de produtores. De um modo geral ampliou-se, e muito, o atendimento aos setores majoritários da agricultura capixaba (70% possuem imóveis rurais inferiores a 50 hectares) com a disponibilização de equipamentos e máquinas, de forma complementar aos serviços de assistência técnica e crédito rural. Destaco ainda o fato de a secretaria da Agricultura ter-se transformado, na prática, em uma estrutura de desenvolvimento rural no governo Paulo Hartung, incorporando os segmentos de infraestrutura de estradas, eletrificação rural, telefonia e habitação rural. Isto permitiu ampliar consideravelmente o leque de atuação em favor de comunidades rurais.
Como o agronegócio capixaba está sendo atingido pela crise mundial?
Alguns segmentos tem sido mais intensamente afetados como o setor florestal, voltado para a produção de celulose, e o de agroenergia cujo mercado oscila muito em função da dinâmica da economia na área do petróleo e derivados. Outros setores mais importantes da economia agrícola do Estado (café, pecuária e fruticultura) têm sido afetados, mas em menor intensidade, considerando o peso significativo do mercado doméstico nacional na composição da demanda desses setores. Na verdade, é necessário considerar algumas características específicas de alguns mercados, como o do setor de produção leiteira que sofreu queda de preços no período mais recente por fatores internos. De qualquer modo, uma análise mais aprofundada deverá ser realizada setor a setor.