ECONOMIA
25/01/2009
MG diversifica a produção
Jacqueline Lopes
JUIZ DE FORA – Mais dez sabores de iogurte orgânico serão produzidos no laticínio da Fazenda Salvaterra, em Juiz de Fora, ainda neste ano. O aumento do processamento de leite, dos atuais 400 litros para cerca de 2.500 litros visa a atender, predominantemente, ao mercado paulista, que, ao contrário do mineiro, aceitou bem o produto orgânico sem reclamar do custo até 40% maior, se comparado ao iogurte comum.
Atualmente, o laticínio – o primeiro de Minas certificado para a produção orgânica de derivados de leite, produz iogurte natural, de mel e morango, além de manteiga, e pretende colocar no mercado ao longo deste ano de 2009, os sabores de banana, mamão, coco, pêssego, açaí, amora preta, mamão com banana, manga, ameixa e um outro sabor ainda mantido em segredo pela empresa.
Outro diferencial do iogurte da fazenda Salvaterra é a embalagem. O laticínio foi o primeiro também a utilizar embalagens transparentes. E, além dos potes de 200 gramas, passará a oferecer, nesta fase de expansão, também as opções de 700 gramas e de um litro.
A intenção, segundo o agrônomo Frederico Simões de Carvalho, gerente geral da fazenda, é atender a consumidores que querem alimentos não apenas livres de agrotóxicos, mas produzidos dentro de um sistema agrícola que busque o manejo equilibrado do solo e dos demais recursos naturais.
Essa é a filosofia da Fazenda Salvaterra, que desde 1998 não utiliza insumos que prejudiquem o ambiente. Na fazenda de 278,4 hectares, é produzido café e, para abastecer o laticínio, o leite também é orgânico.
O excedente da produção é vendido para uma fábrica de sorvetes no Rio de Janeiro, sendo também comercializado em alguns pontos de produtos naturais na capital do Estado.
Já a venda do leite ensacado em Juiz de Fora foi suspensa, no ano passado, e nem mesmo os produtos industrializados são encontrados em pontos de venda da cidade ou de Minas Gerais. Esse mercado não está descartado dos planos da fazenda Salvaterra, mas, por enquanto, o foco é mesmo o mercado paulista, onde o grande comprador é a rede Pão de Açúcar.
Para abastecer o laticínio, é usado leite da própria fazenda e também de outras duas propriedades, uma delas vizinha à Salvaterra. Todas têm em comum a mesma prática orgânica, que, no caso do gado, significa tratamento do rebanho com homeopatia e alimentação cultivada sem produtos químicos.
Numa propriedade orgânica, o uso de ração tradicional não pode ultrapassar 15% da matéria seca consumida pelo gado, e, ainda assim, não pode conter transgênicos.
O sistema utilizado é o silvipastoril, ou seja, uma combinação de pastagem, gado e árvores numa mesma área. O capim divide espaço com leguminosas, que também servem de alimento para o gado, que tem à disposição árvores que dão sombra. Somente em períodos mais secos, a alimentação é dada no cocho.
Na plantação de café, ao invés de adubos químicos e de empregados para limpar o cafezal, todo esse “serviço” é feito pelas galinhas, criadas no mesmo espaço. Naturalmente, elas estercam o solo e controlam o mato que cresce no entorno dos pés de café.
Até pouco tempo, também os ovos produzidos na Salvaterra eram orgânicos, mas, como ficou impossível obter milho orgânico, o produto perdeu essa característica.
Segundo Frederico Simões, numa produção orgânica, todo o ambiente tem que ter o mesmo padrão. Por isso, muitas vezes, é preciso ir longe para conseguir uma fruta para a fabricação do iogurte. O mel é buscado em Lima Duarte, e a banana está sendo negociada com o único produtor orgânico de Piau, ambos municípios da microrregião de Juiz de Fora.
Os fornecedores, explica o agrônomo, precisam ser certificados como orgânicos. Qualquer produto adicionado ao leite tem que ter o selo orgânico e ser aprovado pela certificadora. A certificação da Salvaterra é dada pela Minas Orgânica e também pela BCS Oco-Garantie GMBH, certificadora reconhecida pelos principais mercados importadores de orgânicos do mundo.