Segundo Marco Antonio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima, a “florada boa” deve ocorrer este mês, com as chuvas previstas para o período entre 15 e 25 de setembro.
11/09/2017 – Após uma florada antecipada da safra 2018/19 em regiões de café do Sudeste brasileiro, induzida por chuvas em agosto, produtores e mercado estão atentos ao comportamento do clima neste mês. A volta das chuvas em setembro é fundamental para a ocorrência de uma florada “para valer” nos cafezais brasileiros. E também um dos fatores que vão influenciar o potencial produtivo das lavouras de arábica na nova temporada, que é de bienalidade positiva.
Segundo Marco Antonio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima, a “florada boa” deve ocorrer este mês, com as chuvas previstas para o período entre 15 e 25 de setembro. Ele observa que a primeira florada “ainda não foi significativa” e que ocorreu principalmente nos cafés novos no sul de Minas Gerais e em áreas da Mogiana Paulista. Além da chuva em agosto, a produtividade mais baixa da safra 2017/18, cuja colheita está sendo finalizada, também induziu a florada, acrescenta.
André Luiz Garcia, pesquisador da Fundação Procafé, observa que a interrupção das chuvas após a primeira florada pode afetar o pegamento das flores. “O clima esquentou e há pouca água no solo. Com isso, a planta não consegue segurar a flor”, explica. Segundo ele, normalmente, há 50% de abortamento das flores, mas com o estresse hídrico, o abortamento pode ser maior.
Por enquanto, diz ele, a expectativa é de “uma safra boa” em 2018/19, após uma colheita de bienalidade negativa e de baixo rendimento. Contudo, ainda é cedo para avaliar se a safra alcançará todo seu potencial produtivo. Entre as razões para a incerteza, ele elenca a ocorrência de ferrugem tardia em cafezais do sul de Minas e da Baixa Mogiana e o déficit hídrico em regiões do sul de Minas e do cerrado mineiro. “Um déficit de até 100 mm é suportável. A partir disso começa a desfolhar a planta, o que pode afetar o potencial produtivo”.
Santos observa que, independentemente do clima, a expectativa é de produção maior na nova safra devido à bienalidade positiva. Segundo ele, por enquanto, as previsões indicam clima amistoso ao café no Sudeste, com chuvas regulares e temperaturas “não tão altas” na primavera e no verão.
Carlos Alberto Paulino da Costa, presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), afirma que uma nova florada deve acontecer no fim deste mês e outra em outubro. Costa espera uma colheita maior do que a atual, mas não acredita em supersafra no ciclo 2018/19. “O café é uma planta perene. Para uma supersafra, tem de ter aumento da área de plantio”, argumenta.
A última estimativa da Conab indica uma produção de 45,5 milhões de sacas em 2017/18.
Na região da Cocapec, em Franca (SP), ainda não houve florada, e Jandir Castro Filho, gerente comercial, mostra preocupação com os eventuais efeitos da broca – que afetou a safra atual – sobre o novo ciclo. Segundo ele, pode haver contaminação pelos grãos que ficaram nos pés ou no chão.
Em relatório, Thiago Cazarini, da Cazarini Trading, diz que a falta de chuvas começa a preocupar o mercado, pois levanta dúvidas sobre o tamanho da próxima safra.
Esse receio já gerou um movimento de recuperação na bolsa de Nova York. A expectativa de uma safra grande tinha feito os contratos de café para dezembro caírem quase 10% em agosto. Essa queda também afetou o preço doméstico, levando produtores a segurar café, o que impactou as exportações pelo país.
Por Alda do Amaral Rocha | De São Paulo
Fonte : Valor