AGRONEGÓCIO
21/12/2007
São Paulo, 21 de Dezembro de 2007 – Depois de ter a sua credibilidade abalada por causa de possíveis erros na safra de café, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) admite que errou na produção de arroz 2006/07. Em maio passado, conforme antecipou este jornal, já havia suspeitas, mas apenas agora a estatal afirmou que a safra gaúcha pode ser entre 600 mil tonelada a 700 mil toneladas a mais – praticamente toda a produção de Mato Grosso ou o excedente do Uruguai. O erro teria sido admitido pelo diretor de Logística da companhia, Silvio Porto, em reunião com o setor em Porto Alegre (RS).
A mudança nas estatísticas pode afetar o mercado do grão, baixando as cotações. Além de ter induzido a cadeia produtiva a erros – que poderá, inclusive, entrar na Justiça contra o governo.
“Eles não viram a montanha de arroz nos armazéns”, afirma Carlos Cogo, diretor da Cogo Consultoria Agroeconômica. Segundo ele, isso significa que o estoque de passagem será maior. A estimativa da estatal, que só será corrigida oficialmente em janeiro, deverá ficar em cerca de 1 milhão de toneladas.
“Se o erro fosse antecipado, poderia ter evitado prejuízos incalculados para a cadeia produtiva”, diz Cogo. Segundo ele, os produtores de arroz teriam segurado a produção à espera de preços melhores, uma vez que os estoques seriam melhores, o que não ocorreu. Em 13 de setembro, a cotação do cereal chegou a R$ 24,50 a saca (50 quilos) no Rio Grande do Sul e até o início deste mês, apesar de estar em plena entressafra, acumulou queda de 12%, chegando a R$ 21,54. Atualmente está em R$ 23.
Para o analista, o erro coloca em xeque a credibilidade da empresa. Na avaliação dele, outras culturas também estão com números que não condizem com o mercado. Entre elas, o milho. Cogo diz que a empresa aumentou apenas 9% o consumo do cereal, mas que todas as atividades que usam o produto tiveram crescimento superior a um dígito. Ou seja, o consumo do grão deve ser maior e o estoque de passagem, menor. Procurada, a Conab não retornou às ligações.
(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 6)(Neila Baldi)