Mercado internacional reconhece perdas do café no Brasil e preços disparam

Analistas e agrônomos já preveem danos para as próximas três safras de café no Brasil

O café atingiu hoje o
maior preço em 25 meses diante da perspectiva de um grande déficit
global devido à quebra de safra causada pela seca no Brasil. A agência
de notícias Bloomberg informou hoje que, no ano safra que inicia no dia
1º de outubro, a produção mundial vai ter um déficit de 7,1 milhões de
sacas, de acordo com informações da consultoria Marex Spectron, baseada
em Londres. Esta seria a primeira queda na produção em cinco anos.

O
café arábica já subiu 88% este ano, o maior ganho entre 24
matérias-primas acompanhadas pelo índice da Standard & Poor’s. O
rally deve provocar o aumento dos custos do café premium em cafeterias
como a Starbucks e a J.M. Smucker Co.

“As preocupações com a
oferta de café estão aumentando”, afirmou Jack Scoville, vice-presidente
do grupo Price Futures, em Chicago. “E este problema provavelmente irá
durar mais de uma safra”. 

Estudos e relatórios divulgados nas
últimas semanas por órgãos do setor café têm confirmado as perspectivas
de grandes perdas para esta e as próximas safras. Depois da pesquisa
feita pelo Procafé, a pedido do CNC (Conselho Nacional do Café), que
prevê um volume de 40,1 mi a 43,3 milhões de sacas para a safra 2014, os
Grupos Técnicos em Cafeicultura (GTEC’s Café) se reuniram em Poços de
Caldas-MG para o encontro anual, promovido pela Syngenta, em que
discutiram a situação da cafeicultura brasileira. (Leia mais sobre o
encontro no final da matéria).

Árvores morrendo
“A
produção de café no Brasil deverá ser prejudicada pelos próximos três
anos”, afirmou Judy Ganes-Chase, presidente da J. Ganes Consulting, no
Panamá. “As árvores não conseguirão recuperar a umidade necessária
depois de sofrerem com falta de chuvas e nutrição. As árvores também
ficarão mais susceptíveis a doenças e outros problemas que não estão
aparentes agora irão se manifestar no futuro”. 

A queda nos preços
do café em 2013 fez com que muitos produtores parassem de investir em
fertilizantes, além disso, as colheitas na América Central foram
prejudicadas pela doença da ferrugem. 

“Não teremos grandes
problemas com a oferta de café em 2014, mas enfrentaremos uma situação
difícil em 2015-16”, informou a Marex, citando o possível El Niño,
poderá trazer um excesso de chuvas ao Brasil e aumentar a incidência de
ferrugem em cafezais da América Central. 

Os estoques do café
robusta (conillon) monitorados pela Bolsa de Londres (NYSE Liffe) estão
em seus menores patamares desde 2002. 

Confirmação de graves danos
Durante
o tradicional encontro de integração entre os Grupos Técnicos em
Cafeicultura (GTEC’s Café) promovido pela Syngenta, entre os dias 2 e 4
de abril, 220 agrônomos apresentaram suas análises para cada região
produtora e apresentaram suas previsões para perda de safra. 

Um
dos participantes, o engenheiro agrônomo Sálvio Gonçalves, que atua na
região do Sul de Minas, afirma que “estamos presenciando um fato
histórico na cafeicultura brasileira” por conta do clima extremo dos
últimos três meses. Ele pede cautela no momento da colheita. “Nós
orientamos os cafeicultores a não realizarem prematura durante o mês de
abril, apenas pela aparência e cor do fruto. O cafeicultor deve realizar
levantamento por amostragem”.

Ao final das apresentações, o
percentual de redução de safra com relação à última estimativa da CONAB
foi de 17,6%, muito próximo dos 18% apresentado posteriormente em estudo
encomendado pelo Conselho Nacional do Café – CNC e realizado pela
Fundação Procafé. Embora o método proposto na reunião não tenha o rigor
científico, a percepção dos especialistas sobre os impactos do clima
sobre a produção de café nas suas regiões de atuação mostrou-se uma
eficiente ferramenta de colaboração e de geração de conhecimento.

Os
especialistas foram divididos em sete grupos, correspondentes às suas
regiões de produção: Sul de Minas, Cerrado, Matas de Minas, Centro-Oeste
Paulista, Mogiana, Conillon e Cooperativas. Cada um dos sete grupos
(GTEC´s) realizou reunião isolada dos demais e, posteriormente, foi
apresentado o diagnóstico colaborativo regional da cafeicultura.

Assista ao vídeo abaixo com o depoimento de 21 agrônomos que participaram do encontro:

21 depoimentos sobre os impactos da seca

Veja também o gráfico com informações da área a ser colhida e as percepções sobre o tamanho da safra:

Assista aos vídeos na íntegra de cada um dos 7 grupos:
 

GTEC Sul de Minas –  http://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=51341

GTEC Cerrados – http://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=51335

GTEC Matas –  http://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=51339

GTEC Centro Oeste Paulista – http://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=51334

GTEC Mogiana – http://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=51340

GTEC Conilon – http://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=51337

GTEC Cooperativas –  http://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=51338

 

Fonte: Notícias Agrícolas // Fernanda Bellei

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.