A presidente do Banco Central Americano, o FED, diz que o FOMC (equivalente ao COPOM brasileiro) está considerando elevar as taxas de juros ainda este ano, fazendo com que o dólar americano firmasse ainda mais e colocando pressão sobre as commodities.
As duas principais bolsas do café no mundo tiveram forte queda desde a sexta-feira passada, fazendo novas mínimas e encerrando em patamares que apontam para uma continação da baixa. Nova Iorque perdeu US$ 12.00 centavos por libra, ou encerrou a US$ 16.95 centavos por libra da alta na semana, e Londres escorregou 118 dólares por tonelada.
Na segunda-feira o movimento foi de alta de US$ 4.90 centavos, dando a impressão de solidez e prometendo um rally maior. Na terça-feira o mercado tomou um pouco de lucro, leia-se: caiu, mas não o suficiente para tornar a figura técnica negativa. De quarta em diante foi queda em cima de queda com os preços desmoronando ainda mais na sexta-feira, aparentemente respondendo ao relatório de uma trading importante que apontou um superavit para o ano-safra 15/16 de 1.3 milhões de sacas.
A semana foi recheada de divulgações de safra pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O órgão indicou que a produção da Indonésia deve ser de 10.9 milhões de sacas, da Colômbia de 12.7 milhões, India 5.2 milhões e Guatemala 3.626 milhões, todos acima do ano anterior, sendo que a primeira teve substanciais 24% de incremento.
Entre os números globais de oferta e demanda, a trading suíça mencionada vê uma produção de 154.5 milhões de café (84.7 milhões de arábica e 69.8 milhões de robusta) e um consumo de 153.2 milhões de sacas (83 milhões de sacas de arábica e 70.2 de robusta). O superávit de 15/16 é baixo comparado com o déficit do atual ciclo de 6.4 milhões de sacas, entretanto como há na memória do mercado uma expectativa para uma super safra brasileira em 16/17, os participantes retraem seus interesses de compra. Os estoques mundiais, segundo o mesmo relatório, serão suficientes para 17 semanas de consumo, ou 50 milhões de sacas, bem mais confortáveis do que se imagina há seis meses.
Para efeitou de comparação, a OIC disse que o uso de estoques no ciclo corrrente é de 4 a 5 milhões de sacas, mas não menciona o próximo ano.
No Coffee Dinner em São Paulo as palestras foram de altíssimo nível, com dados estatísticos que o público pode se deleitar de uma das maiores tradings do setor, e uma apresentação excelente de um torrefador local. No frigir dos ovos o tom em geral foi neutro, com alguns acreditando em uma recuperação das cotações e outros com receio de novas quedas – resumo: não há consenso.
O motivo da cautela nas opiniões também é em função das expectativas de grande quebra de produção que se tinha há um ano e que não se concretizou, graças a resistência impressionante do cafezais e do clima que favoreceu a recuperação dos mesmos.
A queda do terminal preocupa aos produtores e intermediários que precisam fixar os preços de seus cafés, estejam eles no Vietnã ou no Brasil. No caso vietnamita a situação pode desencadear uma onda de vendas mais forte em função de muitos estarem rolando suas fixações há algum tempo. Para os brasileiros uma desvalorização do real para patamares de 3.30 pode dar algum alívio, embora não compense completamente as perdas.
O mercado físico está praticamente parado nas principais origens e nos mercados importadores os interesses de compras estão em diferenciais que não encaixam as reposições. A solução para quem está apertado e precisando de café é buscar o spot, que mesmo assim está caro para algumas qualidades. Quem está aproveitando são aqueles que conseguiram carregar posições grandes de quando o basis negociava a dilatados descontos, e na época tiveram o apoio de seus departamentos financeiros e de risco.
Segunda-feira é feriado tanto em Nova Iorque quanto em Londres, mas a semana curta não promete movimentos positivos da bolsa, tanto pelo fechamento ruim, como pela posição dos fundos que no COT veio mostrando um aumento de longs dos fundos. Tecnicamente o objetivo de uma baixa do contrato “C” é US$ 115.00 centavos, o que não significa necessariamene que venha a acontecer. Haja coração!
Uma ótima semana e bons negócios a todos,
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
Comentário Semanal – de 18 a 22 de maio de 2015
Comentário Semanal – de 18 a 22 de maio de 2015
A presidente do Banco Central Americano, o FED, diz que o FOMC (equivalente ao COPOM brasileiro) está considerando elevar as taxas de juros ainda este ano, fazendo com que o dólar americano firmasse ainda mais e colocando pressão sobre as commodities.
As duas principais bolsas do café no mundo tiveram forte queda desde a sexta-feira passada, fazendo novas mínimas e encerrando em patamares que apontam para uma continação da baixa. Nova Iorque perdeu US$ 12.00 centavos por libra, ou encerrou a US$ 16.95 centavos por libra da alta na semana, e Londres escorregou 118 dólares por tonelada.
Na segunda-feira o movimento foi de alta de US$ 4.90 centavos, dando a impressão de solidez e prometendo um rally maior. Na terça-feira o mercado tomou um pouco de lucro, leia-se: caiu, mas não o suficiente para tornar a figura técnica negativa. De quarta em diante foi queda em cima de queda com os preços desmoronando ainda mais na sexta-feira, aparentemente respondendo ao relatório de uma trading importante que apontou um superavit para o ano-safra 15/16 de 1.3 milhões de sacas.
A semana foi recheada de divulgações de safra pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O órgão indicou que a produção da Indonésia deve ser de 10.9 milhões de sacas, da Colômbia de 12.7 milhões, India 5.2 milhões e Guatemala 3.626 milhões, todos acima do ano anterior, sendo que a primeira teve substanciais 24% de incremento.
Entre os números globais de oferta e demanda, a trading suíça mencionada vê uma produção de 154.5 milhões de café (84.7 milhões de arábica e 69.8 milhões de robusta) e um consumo de 153.2 milhões de sacas (83 milhões de sacas de arábica e 70.2 de robusta). O superávit de 15/16 é baixo comparado com o déficit do atual ciclo de 6.4 milhões de sacas, entretanto como há na memória do mercado uma expectativa para uma super safra brasileira em 16/17, os participantes retraem seus interesses de compra. Os estoques mundiais, segundo o mesmo relatório, serão suficientes para 17 semanas de consumo, ou 50 milhões de sacas, bem mais confortáveis do que se imagina há seis meses.
Para efeitou de comparação, a OIC disse que o uso de estoques no ciclo corrrente é de 4 a 5 milhões de sacas, mas não menciona o próximo ano.
No Coffee Dinner em São Paulo as palestras foram de altíssimo nível, com dados estatísticos que o público pode se deleitar de uma das maiores tradings do setor, e uma apresentação excelente de um torrefador local. No frigir dos ovos o tom em geral foi neutro, com alguns acreditando em uma recuperação das cotações e outros com receio de novas quedas – resumo: não há consenso.
O motivo da cautela nas opiniões também é em função das expectativas de grande quebra de produção que se tinha há um ano e que não se concretizou, graças a resistência impressionante do cafezais e do clima que favoreceu a recuperação dos mesmos.
A queda do terminal preocupa aos produtores e intermediários que precisam fixar os preços de seus cafés, estejam eles no Vietnã ou no Brasil. No caso vietnamita a situação pode desencadear uma onda de vendas mais forte em função de muitos estarem rolando suas fixações há algum tempo. Para os brasileiros uma desvalorização do real para patamares de 3.30 pode dar algum alívio, embora não compense completamente as perdas.
O mercado físico está praticamente parado nas principais origens e nos mercados importadores os interesses de compras estão em diferenciais que não encaixam as reposições. A solução para quem está apertado e precisando de café é buscar o spot, que mesmo assim está caro para algumas qualidades. Quem está aproveitando são aqueles que conseguiram carregar posições grandes de quando o basis negociava a dilatados descontos, e na época tiveram o apoio de seus departamentos financeiros e de risco.
Segunda-feira é feriado tanto em Nova Iorque quanto em Londres, mas a semana curta não promete movimentos positivos da bolsa, tanto pelo fechamento ruim, como pela posição dos fundos que no COT veio mostrando um aumento de longs dos fundos. Tecnicamente o objetivo de uma baixa do contrato “C” é US$ 115.00 centavos, o que não significa necessariamene que venha a acontecer. Haja coração!
Uma ótima semana e bons negócios a todos,
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting