Mercado e preconceito

Por: 23/05/2007 11:05:17 - Comunique-se

( Brasilia, Distrito Federal, Brasil – Comunique-se – ) A resistência ao jovem empreendedor no meio empresarial ainda existe, mas é combatida com capacitação


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na última quinta-feira (17) a Pesquisa Anual de Comércio, levantamento feito entre os anos 2000 e 2005 que contabilizou 1,438 milhão de empresas em todo o País. O mapeamento da cena empresarial brasileira evidencia um aumento recorde número de negócios e reacende o debate sobre o preconceito contra o jovem empresário.


A resistência do mercado e investidores ao novo negócio pode ser verificada em todos os ramos de negócio. Segundo Marcelo Azevedo, vice-presidente da Confederação Nacional de Jovens Empresários (Conaje), o preconceito contra empreendedores iniciantes tem origem no contexto cultural brasileiro, que historicamente privilegia oligarquias – daí a discriminação à pequena empresa. “Essa situação é mais frequente no ramo de prestação de serviços, onde a figura do empresário é o cartão de visitas. Numa relação onde os contatos são mais pessoais, e a idade acaba sendo um fator de distanciamento, até que se conheça a competência do empresário”, explica Marcelo.


Gedeon Pitaluga Júnior enfrentou várias situações preconceituosas ao abrir sua empresa, em 2002 na cidade de Palmas. A consultoria jurídica Caetano Feitas Pitaluga Advogacia foi fundada por três recém formados, de 21 e 22 anos. A pouca idade e a falta de experiência foram fatores cruciais para a rejeição dos clientes. “A área jurídica é especialmente conservadora. Construir credibilidade nesse meio foi extremamente complicado, já que a relação entre advogado e cliente é baseada na confiança”, conta o advogado. Gedeon e seus sócios investiram em capacitação, o diferencial do escritório em relação aos outros, que tinham a experiência. Ao procurar alguns clientes, a maioria não depositou confiança nos serviços da consultoria. Hoje, todos eles são assessorados pela empresa de Gedeon, mais de dez clientes de grande porte no estado.


 


Crescimento e especialização


O jovem empreendedorismo não pára de crescer e movimentar a economia do país. Segundo o IBGE, as empresas com menos de 20 pessoas ocupadas representavam 97,8% do total de empresas comerciais. A Fundação Getúlio Vargas constatou que 46% dos jovens empresários mantêm seus negócios há mais de cinco anos, enquanto 40% das empresas de pequeno porte são fechadas antes de completar dois anos de idade e 60% não atingem quatro anos de existência, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.


O crescimento do jovem empresariado está relacionado ao aumento da capacitação do setor, circunstância essencial para combater a resistência que o mercado e investidores têm em relação às novas empresas. O vice-presidente da Conaje explica: “A superação do preconceito acontece quando o jovem empreendedor agrega conhecimento. Essa é a alternativa: quanto mais capacitado o cidadão, menos importa a sua faixa etária. O jovem hoje começa a preparar muito antes de decidir em que ramo atuará, desde a aprendizagem de outros idiomas”.


Projetos empreendedores de sucesso administrados por jovens empresários são cada vez mais freqüentes no mercado. É o caso do ex-publicitário Valtamir Mezzomo. Depois de atuar 16 anos na área, iniciou em 2003 plantio de café orgânico no Paraná no sítio de sua sogra. Valtamir se reuniu com outros agricultores locais, e após sucessivas capacitações teve, 2006, seu café premiado em primeiro lugar no 3º Concurso Nacional da Associação Brasileira da Indústria de café.


O empreendedorismo jovem é uma tendência mundial, e pode ser verificado no maior fenômeno on-line do mundo. O portal Google, sistema de buscas da internet, foi criado em 1998 pelos estudantes Sergey Brin, russo, e Larry Page, norte-americano, na Universidade de Stanford (EUA). O projeto de Doutorado se transformou na maior referência mundial de informação on-line, e atualmente é o terceiro site mais acessado do mundo e o quarto no Brasil.



Saiba mais


A Conaje – A Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje) representa 20 mil empreendedores dos 27 estados brasileiros e promove o estímulo à criação e ao fortalecimento do novo negócio. A entidade foi fundada em 1998 e teve origem nos municípios das regiões Sul e Sudeste. A Conaje é formada por Associações de Jovens Empresários (AJEs) e organizações estaduais similares, que congregam representantes dos municípios. O estímulo ao empreendedorismo, por meio do fornecimento de orientação e capacitação profissional a seus associados, e o combate à elevada carga tributária embutida em produtos e serviços no Brasil são as grandes questões em que a Conaje atua.
 

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