O mercado de cafés especiais registrou crescimento anual superior a 20% nos dois últimos anos no Brasil e deve continuar a avançar no curto prazo, ainda que num ritmo menos vigoroso.
Essa é a conclusão de um estudo da Euromonitor encomendado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA).Conforme a pesquisa, que levantou o consumo de cafés especiais em 2016 no Brasil, esse mercado totalizou 490 mil sacas naquele ano, um avanço de 25% sobre 2015. Além disso, segundo a Euromonitor, o segmento movimentou R$ 1,7 bilhão no varejo (inclui o food service), quase 29% mais que em 2015.A consultoria estimou ainda que esse mercado cresceu outros 21% no ano passado, alcançando 592 mil sacas de café, enquanto a receita no varejo nacional somou R$ 2,143 bilhões, com avanço de 24,4% sobre 2016.
O levantamento considerou as vendas de cafés em grãos, torrado e moído e também em cápsulas no país. Para 2018, a Euromonitor projeta novo crescimento, de 19%, para 705 mil sacas de café, com um movimento no varejo de R$ 2,636 bilhões, 23% superior ao ano passado.”Os números do estudo corroboram a tendência clara de crescimento [do consumo]”, afirma Vanusia Nogueira, diretora da BSCA. Segundo ela, há um interesse cada vez maior por cafés especiais no país, com consumidores buscando cafés de origem, discutindo os atributos da bebida. “Há uma procura crescente por produtos de alta qualidade”, acrescenta.
Os dados do estudo indicam também que o mercado de cafés especiais continuou a avançar apesar da crise econômica no Brasil. “O setor não foi influenciado pela crise e não deve ser afetado”, avalia ela. Embora o interesse por cafés especiais seja ascendente, a Euromonitor admite que a principal barreira para um maior avanço do segmento ainda é o preço, que “impossibilita um consumo mais popularizado” do produto.A diretora da BSCA considera normal que o ritmo de avanço diminua nos próximos anos, diante do forte crescimento recente. Além disso, observa, o aumento é bastante relevante se comparado ao desempenho do mercado de cafés tradicionais em geral, que cresce de forma tímida.Ainda que o segmento de cafés especiais venha ganhando espaço no país recentemente, o volume ainda é pequeno em comparação com o mercado de café em geral.
Conforme o estudo da Euromonitor, as 490 mil sacas de café de 2016 equivalem a apenas 2,8% do mercado total no país, estimado em 17,8 milhões de sacas pela consultoria. Mas esse percentual deve crescer, alcançando 5,1% do volume total em 2021, ou cerca de 1 milhão de sacas, segundo o estudo.De acordo com a consultoria, os grãos e as cápsulas têm puxado o avanço do mercado de cafés especiais no país.
Os grãos representam aproximadamente 40% a 50% do volume total enquanto as cápsulas respondem por entre 5% e 15%.Para a Euromonitor, a tendência é que o café especial em grãos ganhe ainda mais relevância nas cafeterias. O estudo observa também que as cápsulas, que apresentam o maior valor agregado no varejo em comparação com o café em grãos e o torrado e moído, devem continuar a crescer dois dígitos nos próximos anos.
Para realizar o estudo, a Euromonitor considerou os critérios da BSCA para classificar um café especial: pontuação acima de 80, certificação de origem e sustentabilidade, rastreabilidade, 100% arábica e preço premium.Rodrigo Godoi, consultor da Euromonitor, explica que no caso das cápsulas foram levados em conta os mesmos critérios, à exceção do preço. Isso porque, apesar do maior valor agregado da categoria, parte desses cafés são commodity e não especiais.
(Valor Econômico – SP – 01/02