Mercado de café em Mato Grosso é promissor

Por: Gazeta Digital

 





Apesar da queda na produção e de problemas estruturais na cadeia, apenas uma das grandes empresas que beneficia o produto no Estado necessita de 740 mil toneladas/mês de matéria-prima










Elaine Perassoli
Da Redação

O mercado do café é promissor em Mato Grosso. Há espaço para crescer, mas ainda falta qualidade do produto. Por outro lado, os cafeicultores reclamam do preço, alegam que a mão-de-obra é desqualificada e cara, que as estradas são ruins para transportar o café até as beneficiadoras, sem falar que o governo não investe em pesquisas. A expectativa é de que haja uma queda de pelo menos 40% na produção de café, este ano, em Mato Grosso em função da falta de chuva. “A perda pode até ser maior, depende do clima”, diz o pequeno empresário Antônio Vicente Pizaia.


Ele compra e beneficia café em Nova Bandeirantes e diz que o principal problema é a qualidade e a falta de cuidado na colheita. “Compramos todo tipo de café, só que na hora de vendê-lo o preço é inferior”, explica. José Roberto Assis, que também é comprador na região de Colniza, concorda com Pizaia e acrescenta: “é possível melhorar a qualidade com pequenos ajustes na colheita. Não é difícil e nem onera o processo, basta adotar novos métodos de colheita e fazer corretamente o processo de secagem”, sugere.


O produtor José Schimithe, da região de Juína, se defende alegando que não há assistência técnica e por isso a qualidade fica comprometida. Ele cultiva 19 mil pés de café e garante que a mão-de-obra é farta, mas não é qualificada. “Além disso, muitas vezes é cara”, acrescenta José Roseira Silva Prado, que cultiva 15 mil pés no município de Alta Floresta.


A principal reclamação de Prado e de Elso José Sesquim, que também produz na região de Juína, é com relação às estradas ruins. Ele alega que o transporte para a beneficiadora compromete a qualidade. “O café exige determinados processos que têm que ser feitos na hora certa, caso contrário a qualidade fica comprometida e com as estradas ruins nem sempre conseguimos fazer o certo”, lamenta.


De acordo com Clorisvaldo José Rossanevi, chefe de compra de café cru, somente uma das grandes empresas que beneficia o café em Mato Grosso necessita de 740 mil toneladas de matéria prima por mês para manter a produção. Deste montante, apenas 10 ou 11 mil sacas são compradas no Estado, o resto vem de Minas Gerais e Paraná. “Se houver aumento da produção mato-grossense, a comercialização, que é um dos principais problemas da cadeia produtiva, estará resolvido”, ressalta.


Segundo ele, somente este ano, a empresa em que trabalha já comprou 70 mil sacas de conilon, a única espécie cultivada no Estado. Deste total, somente 20 mil sacas foram adquiridas de produtores mato-grossenses, as outras 50 mil sacas vieram dos outros Estados.


Ele também admite que a qualidade do café de Mato Grosso ainda deixa a desejar. Na opinião de Rossanevi, os produtores precisavam investir na melhora do processo de colheita. “O ideal seria colher no pano, levar para o terreiro e secar de maneira certa, esparramando e deixando os grãos tomarem sol de maneira uniforme. É simples e não exige altos investimentos”, diz.


 


Broca é a principal praga


Da Redação

O técnico agrícola da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Evaldo Steigenberger, ressalta que a principal praga que ataca o café na região de Alta Floresta, uma das principais produtoras de Mato Grosso, é a broca. “As outras não são tão graves e quase não causam prejuízos aos cafeicultores”.


A broca do café é um inseto que ataca os frutos do cafeeiro (planta) em diferentes estágios, ou seja, tanto pode atacar enquanto os grãos ainda estão verdes, maduros, secos ou ainda ainda úmidos. O controle tem sido feito através de medidas culturais, como uma colheita de qualidade, controle químico e alguns produtores têm utilizado o biológico realizado por meio de vespas ou fungos antagônicos aplicados a lavoura.


Depois que a larva da broca penetra no caroço do café é inútil tentar controlar o estrago. Dentro do fruto, a broca se alimenta do caroço e realiza seu ciclo, ou seja, coloca os ovos, que se tornarão larvas e insetos adultos. Os grãos de café brocados apresentam-se perfurados total ou parcialmente na parte interna. Os buracos de entrada da praga geralmente se localizam na região da coroa.


Ao se alimentar, o inseto acaba abrindo galerias nos frutos, possibilitando assim a infecção por fungos, que provocam o apodrecimento dos frutos A partir do momento em que a broca entra no fruto, o produto pulverizado não é mais capaz de fazer o controle. O ideal é monitorar a lavoura para descobrir o momento em que a broca sai de um fruto para fazer novas posturas em outro (fase de transição), quando existe condições de fazer um controle eficiente. (EP)


 


Consumo mundial anual chega a dois bilhões de quilos


Até o final do século dezessete, o café vinha da Arábia e era conhecido como moca, que era o nome da cidade de sua origem. Nesta época espertos mercadores holandeses, percebendo a crescente demanda e as perspectivas de um novo comércio, induziram seu governo a experimentar a plantação nas Índias Orientais Holandesas. O governador da ilha de Java distribuiu sementes em várias partes da ilha e devido à fertilidade do solo e as condições climáticas favoráveis, logo as plantas se desenvolveram e começaram a dar frutos. De Java, o café espalhou-se para as Índias Ocidentais e finalmente para a América do Sul e Central.


O consumo mundial de café chega a dois bilhões de quilos por ano. Deste montante, pelo menos 57% são fornecidos pelo Brasil. Os Estados Unidos lideram esse ranking como país consumidor, com pelo menos metade de toda a quantidade consumida mundialmente. O consumo per capita excede sete quilos por ano.


O café é plantado com as sementes totalmente amadurecidas e selecionadas para esta finalidade. Quando as mudas atingem trinta centímetros de altura, são levadas para a plantação e dispostas em fileiras, com três metros de distância entre elas. Quando estão totalmente crescidas, atingem a altura de três metros ou um pouco mais.


Cada arbusto produz anualmente até um quilo e meio de café, mas isso só acontece após o quarto ou quinto ano. Uma árvore pode produzir até os 100 anos de idade, mas seu período mais produtivo vai do quinto ao quinquagéssimo ano. O desenvolvimento do fruto exige cerca de seis meses e, quando maduro, tem uma cor vermelho profundo e é conhecido como cereja. Durante a estação da colheita, os serviços de todos os trabalhadores da fazenda e suas famílias são necessários para que o fruto possa ser colhido rapidamente e encaminhado para o processo pós-colheita. (EP)



 


Processo garante qualidade


Da Redação

Para se ter o chamado café natural, o grão só é colhido depois de maduro. O sol tropical em pouco tempo faz com que a umidade da polpa se evapore e o fruto se torne enrugado e preto. Neste estágio, começa a colheita que consiste na retirada dos frutos que ficam no chão. Em seguida os trabalhadores mais jovens e as mulheres varrem, ensacam e encaminham para a beneficiadora.


As sementes são então espalhadas num pátio de cimento para secar e permanecem expostas ao sol durante pelo menos sete dias. Todas as noites, porém, são juntadas e cobertas com lonas para protegê-las do orvalho. A umidade nesta fase é prejudicial. Quando o café está totalmente seco, a película externa torna-se quebradiça e pode ser removida facilmente por uma máquina debulhadora. Os frutos são separados de acordo com o tamanho e qualidade, em seguida são empacotados e encaminhados para a comercialização. O processo natural de seleção é usado quase que inteiramente no Brasil.


Já o café lavado exige um manuseio totalmente diferente, como o nome sugere, uma verdadeira lavagem ocorre durante a secagem. Em vez de tirar os frutos secos dos galhos, como é feito com o natural, o café é apanhado individualmente, transportado para uma máquina de polpa, bastante similar à que processa as cerejas. Esta máquina remove a polpa, deixando o grão de café envolvido numa casca dura como o couro. Os grãos são colocados em grandes tanques de cimento ou barris cheios de água, onde permanecem por até 30 horas. Durante a imersão, ocorre uma fermentação que muda o sabor, produzindo aquilo que se conhece como acidez.


Depois que o processo de lavagem, o método de secar e debulhar é parecido com o do café natural. Na aparência, porém, o grão lavado muda completamente e fica totalmente diferente do café natural. (EP)


 


Fonte:http://www.gazetadigital.com.br/materias.php?codigo=121484&codcaderno=15&UGID=9bff3fbb307d0e6d6888c044716d8a6d&GED=5359&GEDDATA=2006-06-12

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