O mercado internacional do café teve uma semana de atenções voltadas para a volta das chuvas sobre o cinturão cafeeiro do Brasil.
Porto Alegre, 27 de setembro de 2019 – Muitas regiões enfrentavam falta de umidade, tão necessária nesse período para a formação de floradas e pegamento das floradas, que vão resultar na safra de 2020. As oscilações do petróleo, bruscas, também “contaminaram” o mercado de café, que em muitos momentos acompanhou o desempenho dessa commodity.
As chuvas de fato atingiram áreas produtoras, mas há incertezas no mercado quanto à continuidade no regime de umidade, que é fundamental para esse período de floradas. Se houver a abertura das floradas, com chuvas iniciais, e não seguirem boas precipitações, não ocorre o pegamento dessas floradas e a próxima safra é prejudicada.
Assim, a Bolsa de Nova York teve uma semana de sessões voláteis. A preocupação climática levou o mercado a trabalhar novamente acima da importante linha de US$ 1,00 a libra-peso, mas o mercado não conseguiu manter ganhos mais significativos quanto tentou. O foco está no clima e na sequência das chuvas após essas precipitações desta semana.
No balanço semanal em NY, o contrato dezembro, que fechara a quinta-feira da semana passada (19/09) a 98,35 centavos de dólar por libra-peso, fechou esta quinta-feira (26) a 100,85 centavos, acumulando no período uma alta de 2,5%.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, a despeito das perdas recentes, seguindo o tombo no petróleo, “o café encontrou espaço para alta, repercutindo as chuvas abaixo do esperado no Brasil. As dúvidas produtivas trouxeram o comprador de volta ao mercado e ajudaram a posição Dez/19 a recuperar a linha de 100 cents”.
“Se por um lado a alta do dólar, dentro de um cenário de desaceleração da economia mundial e inflação baixa, pesa contra as commodities e ajuda a pressionar o café na bolsa norte-americana, por outro as dúvidas produtivas no Brasil quebram a sequência de notícias favoráveis à produção, freiam a onda vendedora e criam uma barreira a novas perdas no referencial externo”, comenta. O receio climático, além de trazer mais equilíbrio ao mercado, oferece também suporte para a correção na linha de preços, comenta. “O clima no Brasil deve continuar dando o tom do mercado”, conclui.
No Brasil, com a alta predominante na bolsa e no dólar, a semana também foi positiva para as cotações. Barabach diz que “o mercado físico teve boa liquidez durante a última semana, mas as especulações climáticas, por conta do tempo seco no Brasil, deixaram o mercado mais volátil, o que acabou limitando o fluxo de negócios”.
No balanço dos últimos sete dias até esta quinta-feira (26), o café arábica bebida boa na base de compra subiu de R$ 420,00 para R$ 430,00 a saca. Já o conilon tipo 7, em Vitória, Espírito Santo, avançou de R$ 275,00 para R$ 288,00 a saca.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS