fonte: Cepea

Mercado capixaba absorverá R$ 9 bilhões

Por: 05/03/2008 06:03:29 - Gazeta Mercantil

São Paulo, 5 de Março de 2008 – O estado do Espírito Santo tem vivido uma verdadeira revolução imobiliária. Corre-corre nas prefeituras para aprovação de projetos, abertura de novas filiais bancárias para a concessão de crédito e entrada de incorporadoras estão reconfigurando o mercado capixaba. A oferta é principalmente no segmento de residenciais econômicos, demanda criada pela atração de mão-de-obra para siderúrgicas e construção pesada.

Em 2007, foram lançadas 7.423 unidades na Grande Vitória, contra 5.015 no ano anterior, conforme a Associação de Empresas de Mercado Imobiliário do Estado (Ademi-ES). Entretanto, os projetos já aprovados e em processo de aprovação nas prefeituras capixabas apontam um mercado de R$ 9 bilhões em lançamentos nos próximos cinco anos, totalizando 75 mil unidades habitacionais de acordo com o levantamento da Kfuri Consultoria e Negócios, feito com as prefeituras a pedido do governo estadual.

Somente no biênio de 2008 e 2009, serão 48 mil unidades que somam um valor geral de vendas de R$ 5,7 bilhões, afirma o consultor José Luiz Kfuri, ex-secretário de Planejamento de Vitória. O estado vive uma expansão imobiliária imensa e apoiada fortemente nos residenciais econômicos, que é onde está a demanda. É como no mercado automotivo, que a cada 100 automóveis fabrica 70 populares, compara.

Ele ressalta que o estado tem um déficit de 240 mil imóveis, majoritariamente num público com renda de até dois salários mínimos. O natural é partir para o super econômico, avalia o consultor. A Rossi já adquiriu uma área de 400 mil m para fazer uma Vila Flora (condomínio econômico lançado em Campinas) capixaba, a Cyrela tem 10 quadras em Manguinhos com vocação popular e a Direcional comprou armazéns de café em Serra para lançar 1.350 unidades.

O município de Serra é um dos vetores dessa expansão. Segundo Silas Amaral Maza, secretário de Desenvolvimento Urbano de Serra, este ano o volume de unidades vai superar o acumulado dos últimos três anos. Em três anos aprovamos 12,5 mil unidades e este ano está em aprovação 14 a 15 mil unidades habitacionais, afirma Maza.

A euforia imobiliária aumentou até em condomínios de média alta renda, com lançamentos como o Alphaville, com 2 mil casas. A Companhia Siderúrgica de Tubarão deu um grande avanço ao município, avalia o secretário.

A Inpar, que atua no mercado capixaba em parceria com a Riovix e a Tibério, estreou em 2007 com um volume de lançamento de R$ 150 milhões no ano passado. Quer repetir a dose este ano, chegando a R$ 200 milhões em valor de vendas, entre econômicos e alto padrão, somando 600 unidades. Vitória foi só o primeiro passo.

O mercado imobiliário do Espírito Santo tem crescido acima da média nacional nos últimos três anos, considera Flávio Neves, diretor comercial da Inpar na regional Rio de Janeiro, que coordena os investimentos no mercado capixaba.
Aquecimento econômico

Conforme a Ademi, 16 empresas passaram a atuar no ano passado no estado, incluindo MRV Engenharia e Abyara. Os pólos de desenvolvimento imobiliário estão no entorno de Vitória, em municípios como Linhares, Vila Velha, Cariacica, Anchieta e Guarapari – acompanhando a atividade econômica alavancada por Samarco, Companhia Siderúrgica de Vitória e Aracruz.
No contexto do aquecimento imobiliário está a realidade do estado hoje, que vive um ambiente de atração de investimento. Temos contabilizados R$ 15 bilhões de aportes do setor privado para este ano, especialmente para infra-estrutura como petróleo e gás, indústria de transformação, extração mineral, afirma Ricardo Ferraço, vice-governador do Espírito Santo.
Trata-se de um crescimento de 50% frente aos R$ 10 bilhões de investimento do setor privado em 2007. O Espírito Santo se consolida este ano como o maior fornecedor de gás natural do País. Estamos fornecendo 6 milhões de m3 ao dia e a meta é que até o final do ano estejamos fornecendo 10 milhões de m3/dia, exemplifica.

O incremento na atividade econômica atrái mão-de-obra, gerando demanda imobiliária. No último censo do IBGE, em 2005, a população do estado era de 3,41 milhões de pessoas, um crescimento de 3,5% em dois anos. No mesmo período, o PIB per capita saltou de R$ 9.425 para R$ 13.846, alta de 47%.

O aquecimento se reflete também no segmento comercial. Só a nova sede administrativa da Petrobrás recebe investimento de R$ 480 milhões da empresa. Em uma área de 97 mil m, a construção está a cargo do consórcio OCCH, constituído pelas empresas Odebrecht, Camargo Corrêa e Hochtief. O empreendimento abrigará também as subsidiárias BR e Transpetro.
A taxa de ocupação de salas comerciais em Vitória é de 96%, melhorando desde 2003 e abrindo espaço para lançamentos corporativos, diz Rodrigo Almeida, presidente da Ademi-ES e diretor da Morar Construtora, que está lançando um complexo com três torres, o América Centro Empresarial. Ali, o valor de locação do metro quadrado é de R$ 50, alto se considerado que o máximo obtido na região é de R$ 60/m. A valorização do m de Vitória tem sido de 25% ao ano desde 2005. Para venda, varia entre R$ 1,5 mil a R$ 6 mil na Grande Vitória, sendo o mais caro na orla, diz Almeida.

(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 7)(Maria Luíza Filgueiras)


 

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