31/07/2008 17:07:09 – Brazil Modal
A demanda mundial pelo café está em alta e cresce 2% ao ano. O fato deve favorecer as exportações brasileiras do setor, que poderão chegar a 30 milhões de sacas, ou US$ 4 bilhões, até o final deste ano, segundo projeções do diretor do Departamento do café, da Secretaria de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Lucas Tadeu Ferreira. O mercado árabe é um dos mais promissores para o Brasil como destino do café, de acordo com especialistas do segmento.
As vendas externas do setor ficaram em 12,9 milhões de sacas de 60 quilos no primeiro semestre deste ano, o que correspondeu a uma receita de US$ 2,1 bilhão. Deste total, US$ 60 milhões, ou cerca de 381,8 mil sacas, vieram das vendas para os países árabes. O valor ainda é pequeno frente ao total exportado, mas a demanda do mercado é crescente, dizem especialistas. “Estamos investindo muito no Oriente Médio”, afirma Ferreira.
De acordo com Lúcio Dias, superintendente comercial da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), maior cooperativa de café do mundo, com sede em Minas Gerais, o consumo do café cresce onde cresce a renda. Por isso, e também em função do desenvolvimento local do turismo, as exportações de café do Brasil para o mundo árabe são promissoras, segundo ele. “Teremos desenvolvimento do mercado árabe”, diz Dias.
A Cooxupé não exporta para os árabes, já que não produz o café rio, que segundo Dias, é mais demandado na região. Ele acredita, porém, que em breve o mercado de lá vai pedir também outros tipos de café, como duro e mole, que a Cooxupé produz. Entre janeiro e junho deste ano, as exportações de café do Brasil para os árabes ficaram praticamente estáveis, com alta de 0,37%, em valores. Ferreira acredita que até o final do ano, porém, elas crescerão. “Estamos trabalhando para um aumento”, diz ele.
O diretor do Departamento do café afirma que os mercados para onde as exportações mais devem crescer são Leste Europeu, Oriente Médio e Ásia. Entre os árabes, compraram café brasileiro de janeiro a junho Líbano, Síria, Tunísia, Jordânia, Argélia, Argélia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Líbia, Marrocos, Iraque, Kuwait e Mauritânia, segundo dados do Mapa.
O desempenho da balança comercial do café deve melhorar no segundo semestre em função da disponibilidade do produto. A colheita começa em abril e é concluída em outubro. Até agora, segundo Dias, já foi colhida cerca de 40% da produção nacional de café arábica, o que mais se produz no país, e beneficiada 20%. A safra, porém, segundo o superintendente comercial da Cooxupé, deve ficar abaixo das expectativas iniciais. Ela poderia ser maior, segundo Dias, se não fosse a seca que atingiu as lavouras no ano passado.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma colheita de 45,5 milhões de sacas neste ano, superior em 35% sobre o ano passado. A Conab afirmou, quando da divulgação de sua estimativa, que o crescimento poderia ser maior se não fosse a estiagem. A cultura do café tem bianualidade – a colheita de um ano é mais promissora que a de outro – e este é um ano considerado favorável para o produto.
O café respondeu, no primeiro semestre deste ano, por 6,3% da receita das exportações do agronegócio brasileiro. O maior volume enviado ao mercado externo foi de café verde, com 11,1 milhões de sacas e receita de US$ 1,8 bilhão. Em café solúvel foram exportadas 1,7 milhão de sacas, correspondentes a US$ 284 milhões. O café torrado e moído teve vendas internacionais de 76,4 mil sacas, com US$ 20,4 milhões.