26/03/10
As medidas anunciadas anteontem pelo BC para simplificar as normas que regem o capital estrangeiro foram bem recebidas pelo mercado, mas ainda há muito o que fazer.
Entre as novas normas, o Tesouro poderá comprar, no mercado doméstico, dólares equivalentes a suas dívidas a vencer em prazo maior. Empresas brasileiras não financeiras que emitirem \”Depositary Receipts\” poderão deixar no exterior recursos captados pelo tempo que quiserem. Serão excluídos da regulamentação ao menos 320 atos normativos.
\”Foi um marco histórico; documentos arcaicos foram para o lixo\”, diz Nathan Blanche, sócio da Tendências Consultoria.
Os principais ganhos são a desburocratização de operações, as reduções de custo de transação e de insegurança jurídica, com o aumento de instrumentos declaratórios eletrônicos, segundo Blanche.
\”Ainda tem, porém, uma parte do entulho a ser enterrado\”, afirma Blanche. Para ele, é preciso avançar em segurança jurídica e na mudança de \”instrumentos arcaicos\”.
A possibilidade aberta ao Tesouro chamou a atenção. \”Isso não cheira bem. É totalmente desnecessário. Para que o Tesouro entraria no mercado? Será que usaria esse instrumento como política cambial?\”, questiona Blanche.
Os exportadores não ficaram otimistas com as mudanças das regras cambiais. \”No comércio exterior, não vai refrescar em nada. As medidas não trarão benefícios para as exportações\”, diz Roberto Segatto, presidente da Abracex (associação de comércio exterior).
Isso não cheira bem. Para que o Tesouro entraria no mercado? Será que usaria esse instrumento como política cambial?
NATHAN BLANCHE sócio da Tendências Consultoria