As duas tradicionais culturas vivem boa fase no mercado internacional e rendem US$ 4,5 bilhões por ano ao País
MELHOR CAFÉ DO
MUNDO
Com mais de 5,3 milhões de pés em produção, a maior parte
em Minas Gerais, São Paulo e no Espírito Santo, a cafeicultura rende ao País US$
3 bilhões por ano. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o
parque cafeeiro tem potencial para vender 39,2 milhões de sacas de cafés finos,
dos tipos arábica e robusta, os mais aceitos no mercado mundial.
Existem
outros 539 mil pés de café em fase de formação, que logo estarão produzindo para
ampliar as exportações. São variedades que permitem o cultivo adensado (mais pés
em menor área), o que significa maior produtividade e mais resistência às geadas
e pragas.
Minas Gerais é o principal parque cafeeiro do País, com 2,5
milhões de pés na região sul e oeste, 1,1 milhão no Triângulo Mineiro e Alto
Paranaíba e 513 mil pés na Zona da Mata e Vale do Jequitinhonha.
Os cafés
mineiro e paulista da Alta Mogiana, de Franca e de Altinópolis são considerados
os melhores do mundo. Têm mercado garantido nos Estados Unidos, na Alemanha, na
Itália e no Japão, e, gradativamente, conquistam outros mercados, principalmente
o chinês.
Segundo Maurício Miarelli, presidente do Conselho Nacional do
Café (CNC) e da Cooperativa dos Cafeicultores de Franca, o setor estima aumentar
suas exportações em 15% nos próximos dez anos.
“Somos o maior pólo
produtor e exportador de café do mundo, seguido do Vietnã e da Colômbia. O
Brasil responde por cerca de 40% da produção mundial e deverá aumentar sua fatia
de mercado em pouco tempo graças ao avanço tecnológico, como a irrigação, que já
atinge 10% das culturas, e aos novos mercados conquistados”, diz
Miarelli.
Ele observa, entretanto, que será preciso investir no valor
agregado do produto. “A Alemanha, que está entre nossos maiores compradores,
recebe nosso café em grão, processa, embala e exporta para outros países. Nós
precisamos exportar o café já processado dentro dos padrões de exportação. Isso
irá alavancar nossa cadeia produtiva.”
Ainda são poucas as empresas
brasileiras preocupadas em exportar o café dessa forma. Elas estão conseguindo,
segundo Miarelli, gerar uma receita de US$ 15 milhões, o que ele acha pouco
diante do potencial que o Sudeste tem. “O valor agregado significa mais
indústrias, empregos e divisas”, comenta. Atualmente, a cadeia produtiva do café
gera emprego para 8,5 milhões de pessoas, de acordo com os dados do CNC.
Laranja e café estão no topo da lista dos principais produtos que
garantem o bom desempenho da balança comercial brasileira. Concentrados na
região Sudeste, eles respondem por quase 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do
País. São grandes geradores de mão-de-obra no campo, por causa do baixo índice
de mecanização da colheita: empregam ao todo 8,9 milhões de
brasileiros.
Suas commodities – suco de laranja concentrado e cafés finos
– apresentam grande competitividade internacional e lideram as vendas em vários
países, especialmente na União Européia. Esses dois destaques do agronegócio
giram US$ 4,5 bilhões por ano. A crescente aceitação das marcas brasileiras no
mercado externo deve multiplicar esse valor nos próximos anos.
Só a
citricultura gera divisas de US$ 1,5 bilhão por ano. A produção e
industrialização do suco de laranja está concentrada no Estado de São Paulo –
com uma pequena participação do sul de Minas Gerais. O setor ganhou força no
início dos anos 60, com a instalação das primeiras indústrias voltadas ao
mercado externo.
Segundo o presidente da Associação Brasileira dos
Exportadores de Cítricos (Abecitrus), Ademerval Garcia, o mercado mundial tem
potencial para elevar as exportações brasileiras para US$ 1,95 bilhão nos
próximos dez anos. “Crescemos 30% nos últimos dez anos e temos fôlego para
crescer muito mais”, afirma.
Há uma tendência de aumento progressivo nas
vendas para a Europa Ocidental. Mas os novos mercados, sobretudo Ásia, Europa
Oriental e América Latina, são os que mais devem impulsionar a comercialização
nos próximos anos.
O setor aposta na tecnologia para responder ao
crescimento nas vendas. Desde 2000, foram investidos mais de US$ 50 milhões em
viveiros de mudas de laranja. São frutas resistentes a pragas e doenças, com
maior produtividade e de variedades que garantem boa aceitação do suco entre os
consumidores internacionais. “Passamos por uma fase de inovação tecnológica no
campo com a antecipação da vida útil das variedades”, explica Garcia. A área
irrigada, segundo ele, subiu de 1% para 10% nos últimos dez anos.
Nos
últimos cinco anos, a área de cultivo de laranja foi reduzida em 27%, passando
de 800 mil hectares para 628 mil hectares. Em contrapartida, o aumento da
produtividade elevou a produção em 16% no mesmo período, de 311 milhões de
caixas para 360 milhões.
A produção já chega a 1,2 milhão de toneladas de
suco por ano. Na colheita, que não é mecanizada, o setor emprega 80 mil
trabalhadores no período de safra (de julho a janeiro). O parque citrícola
emprega cerca de 400 mil pessoas.