Recuperação é reflexo da queda de 25% dos embarques brasileiros
Os preços internacionais do café dão sinais de recuperação este mês, graças em grande parte à baixa oferta de produto brasileiro. Na segunda-feira, o contrato futuro com vencimento em dezembro na New York Board of Trade (Nybot) fechou com alta de 4,3%, a 98,90 cents por libra-peso, melhor nível das últimas quatro semanas.
Em setembro, os contratos futuros de café na Nybot tiveram desvalorização de cerca de 7,5%. A florada nos cafezais teria sido um dos fatores de queda dos preços do produto. Isso porque uma boa florada é forte indício de que a safra do ano seguinte pode ser grande.
De acordo com analistas, a retomada dos preços neste início de mês é reflexo da queda dos embarques brasileiros de grão verde, em 25% em setembro, em relação ao mesmo mês de 2004, ou 23% quando comparado com agosto, segundo o mais recente levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Há muito tempo não se observava tamanha queda nas exportações para o mês de setembro, mês de pico de comercialização. Estima-se que apenas no ano de 2000 houve comparável redução, quando a produção nacional foi estimada em 32 milhões de sacas pela Organização Internacional do Café (OIC); ou de 34 milhões de sacas, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Traders ponderam, porém, que é preciso aguardar o resultado de outubro para se confirmar uma tendência.
SAFRA
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta a safra atual em 33,33 milhões de sacas, volume 15,1% inferior à passada, que foi de 39,27 milhões de sacas. O diretor geral do Cecafé, Guilherme Braga, comentou que “a queda dos embarques se deve a uma menor disponibilidade interna do produto e à redução de competitividade relacionada à cotação do dólar”.
O governo brasileiro prevê déficit mundial de 9 milhões de sacas de café neste ano. A produção foi estimada em 110 milhões de sacas para um consumo previsto de 119 milhões de sacas. No entanto, não se espera desabastecimento, por causa dos estoques em países consumidores (cerca de 18 milhões de sacas). Conforme o governo, o Brasil deve chegar na colheita da próxima safra, com o menor estoque da história, próximo de 3 milhões de sacas.
Também contribui para a sustentação dos preços, a falta de confirmação com relação aos estragos provocados pelo furacão Katrina sobre os estoques de café em New Orleans, nos Estados Unidos, estimados em cerca de 1,6 milhão de sacas. Na sexta-feira, um forte terremoto atingiu El Salvador e Guatemala, mas os danos às plantações de café podem não ter sido consideráveis. No entanto, a região enfrenta problemas de logística.