quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Por Jeferson Ribeiro e Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) – O líder do governo no Congresso, deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS), deve ser indicado pelo PMDB para substituir o ex-ministro Wagner Rossi no Ministério da Agricultura, que pediu demissão nesta quarta-feira.
“Já está definido, será o Mendes Ribeiro”, disse à Reuters a vice-presidente da Câmara dos Deputados, Rose de Freitas (PMDB-ES). Mendes é líder do governo no Congresso e sua principal atribuição é negociar a votação do Orçamento Geral da União nas duas casas.
O quarto ministro a deixar o governo Dilma, Rossi pediu demissão do cargo nesta quarta-feira, após uma série de denúncias de irregularidades na pasta que, nesta semana, o atingiu diretamente.
Em sua carta de demissão, divulgada no site do ministério, ele argumentou que sua família pediu que ele se afastasse do governo e “deixasse essa minha luta estoica, mas inglória contra forças muito maiores do que eu possa ter.”
Denúncias publicadas na mídia acusaram Rossi de usar politicamente alimentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) quando dirigiu a estatal, de ter oferecido propina para um funcionário não denunciar irregularidades e de ter viajado em um jatinho de uma empresa privada, entre outras coisas.
“Durante os últimos 30 dias, tenho enfrentado diariamente uma saraivada de acusações falsas, sem qualquer prova, nenhuma delas indicando um só ato meu que pudesse ser acoimado de ilegal ou impróprio no trato com a coisa pública”, disse Rossi na carta.
Uma fonte próxima ao vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou que Mendes é realmente o favorito do partido para assumir o ministério, mas a decisão final cabe à presidente Dilma Rousseff e deve ser tomada na quinta-feira.
Um líder governista também confirmou que Mendes é o mais cotado para assumir a Agricultura, “porque o outro deputado que disputa a indicação do partido é muito fraco”, afirmou.
Rose considerou a indicação um “erro” porque a bancada da Câmara não foi ouvida antes da escolha, que foi articulada em uma reunião entre os caciques peemedebistas no gabinete de Temer, que havia indicado Rossi para a pasta.
Mendes teve atuação destacada na votação do novo Código Florestal na Câmara dos Deputados e tem proximidade política com a presidente, que o escolheu para o cargo de líder no Congresso.
A decisão de Rossi foi tomada no final desta tarde, quando ele procurou Temer, seu padrinho político, para dizer que apresentaria sua demissão a Dilma. Segundo Temer, a presidente “insistiu muitíssimo” para que Rossi permanecesse.
Em nota, Dilma lamentou a saída do ministro e o fato de Rossi não ter “contado com o princípio da presunção da inocência diante das denúncias contra ele desferidas”.
Em pouco mais de sete meses de governo, Rossi é o quarto ministro de Dilma a pedir demissão.
Anteriormente, Antonio Palocci deixou a chefia da Casa Civil e Alfredo Nascimento saiu do Ministério dos Transportes, também em meio a denúncias. Neste mês, Nelson Jobim pediu demissão do Ministério da Defesa após divulgação de uma entrevista em que ele teria criticado colegas de governo.
(Reportagem adicional de Hugo Bachega)