São Paulo, 6 – O deputado Carlos Melles (DEM-MG), presidente da Frente Parlamentar do Café, informou hoje que o governo agiu de forma equivocada na formulação do programa de contratos de opção de venda de café, que deverá ser anunciado nos próximos dias. Segundo ele, a execução do programa também deverá ser um engano porque “está sendo feita às pressas, para não haver contestação”.
Melles argumentou que o governo está mal orientado, pois parece não ter considerado o sucesso de programas anteriores, quando foram realizados leilões para cerca de 5 milhões a 6 milhões de sacas de 60 quilos. O governo cogita realizar leilões para 3 milhões de sacas este ano.
O presidente da Frente Parlamentar do Café disse ainda que o preço de exercício sugerido pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, entre R$ 303 e R$ 320, não corresponde ao valor reivindicado pelo setor produtivo. Ele salientou que em programas anteriores, o governo teve de comprar pouco café de produtores “menos de 10%” do total oferecido nos leilões, pois os contratos ajudaram a sustentar as cotações e o cafeicultor exerceu o direito de vender ao mercado. Da forma como o atual programa foi concebido, Melles acredita que os leilões vão perder seu efeito positivo de puxar as cotações do produto.
O vice-presidente da Newedge, Rodrigo Costa, considera que o programa deve ser positivo para o mercado no médio e longo prazo, “especialmente em um ano baixa produção”. Segundo ele, muito provavelmente o governo vai acabar por comprar os cafés dos leilões. Costa salienta, no entanto, que o programa não resolve os problemas dos cafeicultores no curto prazo, pois eles “precisam de dinheiro para a colheita café”. O mercado vem se sustentando bem, mas Costa teme que os produtores possam entrar no mercado para vender o produto, uma vez que eles vão perceber que não haverá alívio para suas demandas imediatas por recursos para colheita.