A responsabilidade do incremento na melhoria da qualidade do café é bem maior quando os preços de comercialização se encontram em baixa, exigindo-se atitudes inovadoras e criativas para obtenção desse diferencial de competitividade.
Produto de melhor qualidade é uma exigência de mercado, segurança na comercialização, garantia de melhores preços e maior rentabilidade.
Considerando as interações das condições eco-fisiológicas da lavoura, esta melhoria pode ser iniciada pela aplicação de procedimentos técnicos e gerenciais das seguintes fases do sistema de produção:
Implantação
– Seleção da área com características físicas e químicas do solo favoráveis ao desenvolvimento satisfatório do sistema radicular do cafeeiro, tendo boa profundidade, sem impedimento físico e em terreno plano não sujeito à inundações ou levemente inclinado;
– Preparação do solo com correção e adubação com base na sua análise antecipada do potencial de fertilidade, possibilitando realizar a tempo e de maneira adequada estas recomendações, fortalecendo a lavoura cafeeira principalmente na sua fase inicial;
– Adoção de variedades promissoras analisadas pela pesquisa e recomendadas para região se constitui no passo primordial para obtenção de uma lavoura produtiva, tendo características de resistência à doenças, excelente vigor, elevada produtividade e bom aspecto qualitativo dos grãos;
– Aquisição de mudas fiscalizadas de viveiristas credenciados ou de mudas formadas na propriedade seguindo as recomendações técnicas adequadas como instalação do viveiro, preparação do substrato, plantio das sacolinhas e condução das mudas;
– Definição da densidade e espaçamento adequado entre linhas e entre plantas influindo na produção por área, práticas culturais e realização da colheita, com forte tendência para o adensamento de plantas na linha aumentando a população com maior produtividade por área nas primeiras colheitas;
– Execução do plantio com diferenciação de ciclo de maturação precoce, médio e tardio, possibilitando a realização de uma colheita escalonada com maior obtenção de homogeneização do produto, maximização de uso da mão- de- obra e melhoria na eficiência do preparo.
Manutenção
– Realização das práticas de poda, desbrota e condução do crescimento vegetativo, havendo a necessidade de programação compatível com a característica da planta, promovendo sempre sua renovação pela eliminação de ramos improdutivos e partes da planta depauperada;
– Reposição de nutrientes no solo e na planta através de diagnose visual juntamente com a análise do solo e análise de folhas, fundamentando a recomendação correta de adubação química e orgânica, mantendo o equilíbrio nutricional e o fortalecimento da lavoura;
– Aplicação do manejo integrado das infestantes com alternativas de medidas preventivas e métodos corretivos de controle, efetivadas de forma combinada, sucessiva e rotativa num determinado tempo e espaço no cafezal, visando melhor eficiência de ação, diminuição dos custos e maior preservação do ambiente;
– Efetivação do monitoramento e controle fitossanitário de pragas e doenças do café, acompanhando seu quadro fitossanitário com visitas mensais à lavoura, levantando índices de incidências e aplicando medidas preventivas minimizando as práticas de controle e reduzindo custos;
– Promoção do suprimento hídrico na estiagem com implantação e manejo correto do recurso da irrigação, contribuindo conforme a necessidade do cafezal e das condições do ambiente para amenizar o déficit hídrico, que pode afetar a fase reprodutiva do café, comprometendo sua produtividade e qualidade;
– Utilização da mecanização em práticas culturais com pequenos tratores e implementos agrícolas, embora exigindo um certo investimento, tende a proporcionar ganhos no rendimento de serviços e na economia de seus custos, tendo sempre racionalidade para não comprometer a conservação física do solo.
Colheita
– Revisar com antecedência as instalações, máquinas e equipamentos;
– Fazer uma arruação antecipada e bem feita controlando as infestantes;
– Programar o início da colheita dos talhões com maturação adiantada;
– Realizar a colheita com média de 90% dos frutos em estádio cereja;
– Evitar colher café verde, pois produzem defeitos e pesam menos;
– A colheita pode ser mecânica ou manual com derriça no pano;
– Não misturar o café de derriça com o café caído no chão;
– Levar no mesmo dia o café colhido para o local de secagem;
– Utilizar sempre no transporte sacarias limpas de aniagem;
– Evitar amontoar o café ou deixar secar na própria lavoura;
– Fazer o repasse recolhendo frutos que ficaram na planta e no chão.
Preparo
– O preparo comum por via seca deve ser iniciado com a realização antecipada de uma lavagem para separação de impurezas como pedras, paus e folhas, e também separação dos cafés bóias (passa e seco), verdes e cereja, para depois todos serem levados ao terreiro para serem secados separadamente.
– O preparo ideal seria por via semi-úmida, possibilitando a obtenção do café cereja descascado. Primeiro o café colhido passa pelo lavador onde se separa o café bóia que vai direto para o terreiro de secagem, com o café verde e o café cereja misturados indo para o descascador. No descascador o café verde é separado mecanicamente sob pressão indo para o terreiro de secagem, enquanto o café cereja é descascado para depois ser lavado para o terreiro de secagem.
Secagem
– No caso de utilização de terreiro comum, este deve ser de cimento, ter boa luminosidade e com pequena declividade para o escoamento das águas;
– Evitar mistura do café colhido que ficou mais tempo na lavoura com o café que foi colhido no momento, devido o primeiro já ter havido fermentação;
– De início não amontoar o café para evitar a fermentação, devendo ser esparramado no terreiro em camadas de até 5 cm durante 5 dias;
– Remover constantemente as camadas, para uma secagem mais uniforme dos grãos, movimentando pelo menos uma vez por duas horas de sol;
– No final da tarde o café deve ser ajuntado em leiras de 20 à 40 cm de altura, dispostas no mesmo sentido da inclinação do terreiro;
– Após o café atingir a meia – seca, não deve tomar chuva, passando a noite amontoado e coberto por lona;
– No dia seguinte havendo sol o café será esparramado, realizando-se normalmente sua revirada periódica;
– Terminar a secagem do café com teor de 11-12% de umidade, podendo ser armazenado ou beneficiado;
– O tempo médio para secar o café é de 15 dias para o café da roça e de 6 dias para o café cereja descascado;
– No processo misto de secagem, ou seja, terreiro e secador, primeiro atinge–se a meia – seca no terreiro para em seguida ser complementada a secagem no secador;
– Recomenda-se não trabalhar com o secador estando o mesmo com meia carga;
– Secadores de fogo direto ou indireto, deve ser abastecido com lenha seca;
– Deve-se manter sempre a temperatura do secador em torno de 45ºC;
– A secagem dura em média 40h para café preparado por via seca e 20h por via úmida.
Um forte aliado na estratégia para melhoria da qualidade compreende a eficiência das organizações de produtores em proporcionar maior retorno econômico a cultura, contribuindo para a redução dos custos na compra de insumos e para o incremento de receitas pela agregação de valor na venda conjunta da produção.