A premiação do 4º Concurso Estadual de Qualidade do Café de São Paulo atingiu novo recorde, superando os R$ 1.610,00 pagos pela saca na edição do ano passado. Desta vez, o produtor Joaquim José de Carvalho Dias conseguiu vender em leilão sua produção a R$ 2 mil, o dobro do segundo colocado e sete vezes maior que a cotação da commodity no mercado. A disputa também foi marcada pela liderança dos cafeicultores de São Sebastião da Grama.
Os resultados foram divulgados ontem no Museu dos Cafés do Brasil, na Bolsa Oficial do Café. Os lances foram dados há uma semana, quando oito classificadores ficaram dois dias na Associação Comercial de Santos (ACS) provando os dez lotes
finalistas.
O coordenador do concurso, o corretor Eduardo Carvalhaes Júnior, afirma que houve muita disputa, sendo que 15 torrefadores participaram do leilão. Segundo ele, a maioria deu lances para todos os lotes, mas quem faturava com o maior valor não participava dos seguintes. No final, cinco deles não conseguiram concluir a compra.
A escolha dos melhores cafés foi dividida em duas categorias: cereja descascado e naturais. Segundo o presidente-executivo do Sindicato das Indústrias de Café do Estado de São Paulo (Sindicafé-SP), Nathan Herszkowicz, o cereja descascado geralmente recebe as melhores cotações no mercado, o que também foi registrado no concurso. Tanto que os preços variaram de R$ 701,00 a R$ 2 mil. No caso dos naturais, o vencedor faturou R$ 1 mil e o último colocado recebeu R$ 515,00. Porém, independente da categoria, o primeiro lugar do concurso foi definido pelo maior valor.
De acordo com Herszkowicz, o concurso exigia um lance mínimo de R$ 436,00, sendo que uma saca da commodity tem sido negociada no mercado a R$ 280,00.
Cidade campeã
Nesta edição, a disputa foi marcada pela supremacia de São Sebastião da Grama. Dos dez melhores colocados, cinco são da cidade. Carvalhaes explica que o município fica na Mogiana, onde também estão os municípios dos demais vencedores. A única exceção é a produção de Marília. ‘‘Isso mostra o esforço dessa região’’.
De acordo com ele, São Sebastião da Grama já tinha uma qualidade reconhecida, mas os produtores da cidade decidiram fundar a associação e participar do concurso. ‘‘O Joaquim (o primeiro colocado) é uma figura lendária que já ganhou várias concursos, mas é a primeira vez dele no estadual’’.
Segundo Carvalhaes, a disputa foi baseada em uma pré-seleção em 13 concursos regionais. De 895 amostras participantes, 101 foram enviadas para a degustação na ACS para posterior escolha das dez melhores.
Supermercados
Herszkowicz diz que a produção dos dez melhores cafés poderá ser provada pelo público. Após a industrialização pelas torrefadoras que deram os melhores lances, os supermercados deverão comercializar as produções em embalagens de edição especial, com selo de identificação emitido pelo Sindicafé-SP.
Carvalhaes afirma que houve muito interesse do varejo, tanto que o Grupo Pão de Açúcar chegou a sugerir a compra de todos os lotes, mas a produção será adquirida por várias redes e vendida no final de novembro. ‘‘Os brasileiros não precisam sair do País para beber os melhores cafés’’, afirmou o vice-presidente da Associação Paulista dos Supermercados (Apas), Omar Abdul Assaf.
Organização
O concurso foi organizado pela Câmara Setorial do Café da Secretaria Estadual de Agricultura, em parceria com a Apas, ACS, Sindicafé-SP e Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic).
Também participaram do evento o diretor-executivo da Agência Metropolitana (Agem), Edmur Mesquita, a secretária municipal de Turismo, Wânia Seixas, os presidentes do Sindicafé-SP, Daguimar Cupaiolo, e da ACS, José Moreira da Silva, a deputada federal suplente Mariângela Duarte (PT) e o diretor-executivo do Conselho de Exportadores de Café Verde (Cecafé), Guilherme Braga, e Antônio Vagner Pereira, representante da Secretaria de Agricultura.