Grupo Sertão, de Carmo de Minas, no sul do Estado, espera vender a saca de café por um preço recorde
No dia 10 de janeiro de 2006 será leiloada a saca do melhor café do Brasil, título recebido pelo Grupo Sertão, de Carmo de Minas, no sul do Estado, no concurso Qualidade Cafés do Brasil 2005 realizado no dia 18 de novembro, em Poços de Caldas. Conhecido internacionalmente como Cup Of Excellence Brasil, o concurso, organizado pela BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais), teve o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da Apex (Agência de Apoio à Exportação).
O disputado leilão internacional, promovido pela BSCA, será organizado pela Internet. Na edição de 2004, o lote campeão foi negociado pelo valor recorde de US$ 1.805,50 a saca de 60 kg. A empresa japonesa Maruyama Coffee foi a compradora do lote de 27 sacas. Esse preço corresponde a cerca de 20 vezes o valor de mercado de um produto convencional. No mercado interno, a saca de café de boa qualidade é negociada a R$ 250,00, cerca de US$ 90,25.
Das 533 amostras de café inscritas no concurso este ano, apenas 36 que obtiveram nota superior a 84 vão participar do leilão. Entre essas, 10 amostras são do Grupo Sertão, incluindo a vencedora do concurso, que conquistou a nota recorde de 95,85 pontos (em uma escala de zero a 100) e rendeu ao grupo familiar com mais de 100 anos de tradição na produção de café no município de Carmo de Minas o título de melhor café do Brasil.
O júri internacional do concurso foi composto por 32 provadores e compradores dos Estados Unidos, Noruega, Grécia, Inglaterra, Holanda, Alemanha, Dinamarca, Japão, Malásia e Nicarágua e do Brasil.
Há seis anos, esse concurso anual consolida o Brasil na posição de grande fornecedor de cafés especiais no mercado mundial. Há pouco tempo, o país era considerado exportador de grandes volumes e não de qualidade. Segundo a BSCA, estima-se que o Brasil produza cerca de 1 milhão de sacas de 60 kg de café especial e esse nicho de mercado cresce a uma taxa de 12% ao ano, enquanto o mercado de café commodity acompanha o crescimento da população, cerca de 1% ao ano. O café especial é considerado uma raridade por causa das características peculiares de sabor, aroma, entre outras características, assim como ocorre com o segmento de vinhos.
Uma história de mais de 100 anos
A história de mais 100 anos de tradição no cultivo de café em Carmo de Minas, sul do Estado, começou na Fazenda Sertão. Herdada por José Isidro Pereira e Nazareth Dias Pereira, e atualmente administrada por seus filhos e genros, a fazenda faz parte do Grupo Sertão, que conta ainda com outras propriedades, entre elas, as fazendas Santa Inês e São Benedito, e o sítio São José.
Conhecida por suas fontes de águas minerais, a região da Serra da Mantiqueira, onde está localizado o Grupo Sertão, também possui uma perfeita combinação entre fatores de clima e solo, além das terras de grande fertilidade.
A natureza propícia aliada ao trabalho dedicado de quatro gerações de produção de café resultou no crescimento do grupo que, há 15 anos, passou a investir também na criação e comercialização de gado girolando (gado de corte e leite). Nesse segmento, o grupo recebeu o título de melhor criador de girolando do Brasil de 2005, segundo o ranking da Associação Brasileira de criadores de Girolando.
A produção de café
O Grupo Sertão conta hoje com uma infra-estrutura capaz de oferecer uma grande variedade de café arábica com alta qualidade para o mercado nacional e internacional. Em 2003, o grupo começou a exportar café para os Estados Unidos e Canadá. Vários torrefadores do Japão também já adquiriram o produto por meio dos leilões do Cup of Excellence realizados desde 2002.
“Há sete anos, o Grupo Sertão vem investindo em máquinas, equipamentos, pessoal e infra-estrutura para aprimorar cada vez mais a qualidade dos cafés das montanhas do Sul de Minas. Queremos agradar consumidores ao redor do mundo. Aumentamos o parque cafeeiro ao longo das gerações, sempre com estreita ligação com a cafeicultura”, diz Francisco Isidro Dias Pereira, diretor de produção do grupo.
As variedades de café arábica produzido pelo Grupo Sertão são: bourbon vermelho e amarelo; mundo novo; catuaí vermelho e amarelo; acaiá e icatu. Os lotes de café são classificado quanto ao tipo de bebida, à quantidade de defeitos, ao tamanho dos grãos (peneira) e pelo método de processamento no pós-colheita, por exemplo,se natural ou descascado.
O Grupo Sertão é filiado à Associação dos Produtores de Café da Mantiqueira (Aprocam), onde encontra todo o suporte necessário para o aumento da qualidade dos cafés do grupo, e à Cooperativa dos Cafeicultores do Vale do Rio Verde (Cocarive), onde os cafés são classificados, beneficiados e armazenados.