fonte: Cepea

Maturação irregular preocupa cafeicultores mineiros

Segundo a Itatiaia, no início da colheita, cafeicultores relatam que grãos estão miúdos e sem uniformidade, o que deve impactar na qualidade da bebida e no volume de produção

Antônio Sérgio

Por Itatiaia

A colheita do café arábica em Minas já começou e deve se estender até agosto. Mas a qualidade dos primeiros grãos está preocupando produtores. Em Presidente Olegário, no Noroeste de Minas, por exemplo, o cafeicultor Airton Macedo conta que os grãos estão em tamanhos diferentes e não estão amadurecendo de forma homogênea.

Por causa disso, ele optou por fazer uma ‘coleta seletiva’, retirando os grãos secos e os que já estão maduros.

“A ideia é dar mais um tempo – cerca de 30 ou 40 dias – para que as frutas verdes amadureçam”, disse ele à Itatiaia.

Em Carmo do Paranaíba, também no Cerrado, o cafeicultor Everaldo Gonçalves Siqueira falou sobre a diferença dos grãos no pé. De acordo com ele, têm prevalecido os “grãos miúdos”, bem menores que o tamanho padrão.

“Em cada ramo, eles são uns 70%. É uma preocupação. Vamos gastar mais medidas para encher uma saca de café”, disse.

E a má qualidade dos grãos já fez até o preço cair na região. De acordo com Daniel Paulo de Oliveira, supervisor da Cooperativa Agropecuária de Carmo do Paranaíba (Carpec), há 30 ou 40 dias, o preço da saca estava há R$ 1400, agora está sendo cotada a R$ 150.

Amplitude térmica causa estresse na planta

A analista de agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Ana Carolina Gomes, disse que, infelizmente, isso está acontecendo em todo o estado.

“Temos recebido relatos de maturação irregular e grãos miúdos de todas as regiões do estado, principalmente, as que iniciaram a colheita mais cedo”, comentou.

De acordo com ela, as adversidades climáticas – em especial a pouca chuva e as ondas de calor extremo – interferem em fases cruciais do desenvolvimento do grão e, pelo visto, terão um impacto negativo na atual safra de café.

“Grandes amplitudes térmicas como, por exemplo, quarenta graus durante o dia e 20 ou 15 na madrugada, geram um estresse na planta e traz essa maturação desuniforme. No mesmo ramo, temos tido grãos verdes, grão-cereja e grão que já fermentou no pé”.

A analista explica que esse cenário traz duas consequências para os produtores: menor volume de produção (uma vez que com os grãos menores, serão necessários mais grãos para encher uma saca) e a qualidade da bebida que, certamente, será afetada.

“Os números só vamos ver lá na frente, mas o momento é de preocupação”.

De acordo com a Conab, Minas deve colher cerca de 29 milhões de sacas de café arábica, um crescimento de apenas 0,5% na comparação com o ano passado.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber as principais notícias da Cafeicultura

Mais Notícias

Deixe um comentário

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.