Margem do cafeicultor brasileiro fica negativa em R$ 30 por saca e custos na safra 2019/20 devem ter salto próximo de 5%
O cafeicultor brasileiro vivencia um cenário de preços que não era registrado há pelo menos cinco anos. Com saca negociada abaixo de R$ 400,00 em diversas localidades e custos cada vez mais altos, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) levantou que a margem de lucro já está negativa.
De acordo com levantamento da maior representante dos produtores rurais do Brasil, na média do país, os preços de comercialização do café arábica, no último levantamento, estavam em R$ 398,00 por saca de 60 kg com custos de R$ 428,00. Ou seja, um prejuízo de R$ 30,00 por saca.
“Registramos que as margens estão muito estreitas para o produtor de café, em diversas praças. Os custos chegam a oscilar entre R$ 347,00 a até R$ 510,00 por saca, dependendo da tecnologia”, explica Maciel Silva, assessor técnico da Comissão Nacional de Café da CNA.
Os custos levantados pela Confederação são da safra 2018/19, que ainda está em comercialização, e uma contrapartida de preços que chegam a ficar abaixo de R$ 400,00 a saca. “O cenário é desesperador e já estamos em contato com o governo para resolução desses problemas do setor”, ressalta Silva.
No final de fevereiro e início de março, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica do tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, chegou ao menor patamar diário desde 30 de janeiro de 2014, em R$ 396,32 a saca. Na segunda-feira (11), a referência estava em R$ 401,91.
Os preços internos do café arábica têm seguido uma trajetória baixista desde o final de 2018, quando o Brasil colheu safra recorde total de 61,65 milhões de sacas, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Mais recentemente, movimentos especuladores e outros fatores fundamentais têm pressionado ainda mais as cotações externas.
“O retorno das chuvas sobre os cafezais do sudeste brasileiro no decorrer de fevereiro e os bons volumes embarcados pelo Brasil ao longo deste ano-safra servem de pano de fundo para a pressão de fundos e especuladores sobre as já baixas cotações do café na ICE em Nova Iorque”, destacou em relatório o Escritório Carvalhaes.
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