Programa Agricultura de Baixo Carbono será detalhado para gestores das áreas agrícola, ambiental e agrário
Brasília (9.8.2010) – A difusão de práticas que estimulam novo enfoque à agricultura sustentável, com ações que reduzem o aquecimento global, é a proposta do seminário que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vai promover nos dias 17 e 18 de agosto. A ideia é levar as estruturas do programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) a gestores e técnicos que atuam na agricultura, meio ambiente, pesquisa, extensão rural e desenvolvimento agrário, para que se tornem multiplicadores dessas ações em suas unidades de trabalho nos estados. O evento será aberto pelo ministro Wagner Rossi, na sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Brasília, e terá a participação da Casa Civil e dos ministérios de Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Meio Ambiente (MMA).
Pesquisadores de conceituados institutos e representantes de renomadas instituições privadas apresentarão os cinco subprogramas do ABC: recuperação de pastagens degradadas, sistema de plantio direto, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), fixação biológica de nitrogênio e o cultivo de florestas comerciais. Além disso, os participantes serão informados do contexto do plano setorial de mitigação e adaptação às mudanças climáticas visando à consolidação de uma economia de baixa emissão de carbono e as bases para estabelecer estimativas de mitigação de gases de efeito estufa pelo setor agrícola.
O seminário é voltado também a superintendentes federais e secretários estaduais de Agricultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário, técnicos e representantes de unidades da Embrapa e das Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural nos estados (Emater). São esperados cerca de 150 participantes.
Metas de redução – O ABC foi lançado no último mês de junho e contemplado no Plano Agrícola e Pecuário 2010/2011. A aplicação prevista é de R$ 2 bilhões em técnicas que garantem a sustentabilidade no campo, com balanço positivo entre sequestro e emissão de dióxido de carbono (CO²). Estão garantidos recursos a agricultores e cooperativas, com limite de financiamento de R$ 1 milhão por beneficiário. O crédito será financiado com taxa de juros de 5,5% ao ano e prazo de reembolso de 12 anos.
Com o programa, o Ministério da Agricultura pretende ampliar, em dez anos, a área atual com uso do plantio direto em oito milhões de hectares, passando de 25 milhões para 33 milhões de hectares. Esse acréscimo vai permitir a redução da emissão de 16 a 20 milhões de toneladas de CO2 equivalentes. A técnica dispensa o revolvimento do solo, ao fazer a semeadura direta na palha da cultura anterior, preservando os nutrientes do solo e aumentando a produtividade da lavoura.
Outro mecanismo que garante a retenção de carbono no solo é o Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). De acordo com a técnica, o agricultor pode alternar pastagem com agricultura e floresta em uma mesma área, recuperar o solo e ainda incrementar a renda. A meta do programa é aumentar, na próxima década, a utilização do sistema em quatro milhões de hectares, reduzindo de 18 milhões a 22 milhões de toneladas de CO2 equivalentes.
O plantio de florestas comerciais de eucalipto e pinus, por exemplo, também proporciona renda extra para o produtor com balanço positivo na emissão de carbono. A intenção do ministério é aumentar a área de florestas, até 2020, de seis milhões de hectares para nove milhões de hectares. Isso poderá resultar na diminuição da emissão de oito milhões a dez milhões de toneladas de CO2 equivalentes, no decênio.
Está previsto também o crescimento da recuperação de 15 milhões de hectares de áreas degradadas, saindo dos atuais 40 milhões para 55 milhões e reduzindo entre 83 e 104 milhões de toneladas de CO² equivalentes. A fixação biológica do nitrogênio auxilia no sequestro de carbono, com impacto positivo para a mitigação do aquecimento global. Estima-se que o recurso iniba a emissão de gases de 16 a 20 milhões de toneladas de CO² equivalentes e seja empregado em 16,5 milhões de hectares, em 2020, ante os 11 milhões de hectares neste ano. (Eline Santos)