A reunião desta terça-feira (17) do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), em Brasília (DF), com o setor produtivo de café e a indústria sobre a importação de conilon (robusta) terminou sem decisão.
Os cafeicultores resistiram ao pedido da indústria afirmando que há divergências nos números de estoques apontados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), de 2,2 milhões de sacas de 60 kg. Agora, o ministro da agricultura Blairo Maggi decidirá sobre a autorização ou não da importação.
“Trabalhamos muito para chegar a uma convergência entre o setor e a indústria porque os dois campos são importantes. O Ministério da Agricultura defende o produtor, mas entende que a indústria é importante porque ela consome e vende lá fora o produto com valor agregado, mas infelizmente não se chegou a um consenso. Vamos encaminhar ao ministro Blairo o levantamento, relatar o que aconteceu aqui e a decisão será do governo”, disse o secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller, após a reunião. “Se liberar, o setor pode ter certeza que será feito com critérios rigorosos”, pondera.
Reunião sobre importação de café nesta terça-feira, em Brasília (DF)
Reunião sobre importação de café nesta terça-feira, em Brasília (DF) | Foto: Mapa
O ministro Blairo Maggi já indicou no ano passado ao jornal Valor Econômico que é favorável à importação do grão. Ele chegou a pedir a liberação à Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, mas retraiu diante do pedido do setor produtivo e solicitou o levantamento dos estoques no país pela Conab.
Maggi não participou da reunião porque está em missão internacional para participar da 9ª Conferência de ministros do Fórum Global para a Alimentação e Agricultura, da reunião dos ministros da Agricultura de países integrantes do G-20. Depois vai ao Parlamento Europeu e à uma conferência nos EUA com foco na América Latina.
Representantes da indústria pleiteiam a importação de 200 mil sacas mensais desde o fim do ano passado, no período compreendido entre janeiro e maio, volume que seria isento da tarifa de importação. Acima disso, seria aplicada a Tarifa Externa Comum (TEC) de 35%. Os cafés poderiam ser importados de países como o Vietnã e Indonésia.
Já o setor produtivo afirma que existe sim café disponível no país e que as indústrias não precisariam fazer a importação. De acordo com o deputado federal Evair Vieira de Melo (PV-ES), os números divulgados pela Conab cometem um “equívoco metodológico” e não correspondem com a realidade vivenciada nos estados produtores, que possuem estoques muito maiores.
Os números levantados pelos setores do café conilon apontam um estoque de 500 mil sacas disponíveis na Bahia, 200 mil sacas disponíveis em Rondônia e um pouco mais de 3 milhões de sacas no Espírito Santo. Portanto, o número da Conab não representa nem 1/3 da realidade apontada.
Fonte: Notícias Agrícolas