17.03.2006
Na China, sobra mão-de-obra barata, mas faltam profissionais capacitados a preencher postos de alto escalão. Multinacionais são obrigadas a garimpar talentos
“É um desafio. Se você tem um talento trabalhando para você, também haverá alguém batendo na porta para roubá-lo”, disse David Cunningham, diretor da FedEX para Ásia-Pacífico, durante uma conferência sobre recursos humanos, em Hong Kong. Segundo o site de notícias China Daily, Cunningham está lutando para manter o “turn-over” de seus funcionários na China em 10%.
“Com um turn-over de pessoal de 30%, é impossível oferecer um serviço de qualidade”, diz o diretor da FedEX. A multinacional americana está contratando, de uma só vez, cerca de 3.000 pessoas na China.
Na busca pelo melhor profissional chinês, a fabricante de papéis finlandesa UPM-Kymmense não perdeu tempo. Ela foi à fonte, ou seja, às escolas. “Nosso objetivo é persuadir os melhores estudantes a desistirem do sonho da universidade em troca de cursos técnicos”, disse Sunny Liu, diretor de recursos humanos da empresa finlandesa.
Kitty Zheng, que trabalha como headhunter para a Heidrick and Struggles, em Pequim, diz que ainda vai levar cinco anos para que a China tenha uma mão-de-obra qualificada e em número suficiente para assumir postos de responsabilidade nas empresas. Os habilitados do momento estão recebendo salários altíssimos, mas ela alerta que nem isso é suficiente. “O dinheiro conta, mas no final das contas o funcionário só deixa a empresa se estiver infeliz”, diz.