05/10/2010 – 11h53
THAIS BILENKY | Folha
DE BRASÍLIA
No dia em que a alta da alíquota do IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) sobre operações de estrangeiros no mercado de renda fixa brasileiro entrou em vigor, o dólar registra desvalorização. Às 11h48 (hora de Brasília), o dólar comercial era cotado por R$ 1,682 para venda, em queda de 0,6% sobre o fechamento de ontem.
O ministro Guido Mantega (Fazenda) minimizou a questão. \”Calma. Não sejamos apressados. Vamos deixar a medida ter efeito\”, disse nesta terça-feira.
A alíquota começa a valer a partir desta terça, mas não se aplica ao capital estrangeiro em Bolsa de Valores (que segue em 2%), aos investimentos de brasileiros em renda fixa (não tributados com IOF) e aos investimentos estrangeiros diretos.
A expectativa do governo era que, encerrada a capitalização da Petrobras, o movimento de valorização do real reduziria o fôlego. Contudo, não foi o que ocorreu.
Segundo o Banco Central, de janeiro a agosto deste ano, os investimentos em renda fixa no país já somam US$ 12 bilhões. No mesmo período do ano passado, esse valor estava em US$ 3,4 bilhões.
Economias emergentes, como o Brasil, vêm observando entrada de capital externo devido à boa avaliação, às perspectivas de crescimento e às taxas de juros elevadas.
Movimento semelhante ocorreu no início de 2008, quando o governo tributou em 1,5% os recursos estrangeiros para aplicação em títulos e ações. Depois, a alíquota caiu e voltou a subir no ano passado para 2%.
Ontem, o dólar subiu 0,65% e fechou a R$ 1,692.
LONGO PRAZO
O secretário do Tesouro, Arno Augustin, disse nesta terça-feira que o aumento da alíquota do IOF é positivo porque inibe o investimento externo de curto prazo, \”aquele que está mais olhando para as variações de câmbio\”, afirmou.
Segundo Augustin, a medida \”diminui a volatilidade, tanto do câmbio quanto da relação com o título [da dívida pública]\”.
Ele afirmou que a decisão \”está em linha com a estratégia do Tesouro de alongar o título e [está em linha] com o perfil de estrangeiro que a gente quer no Brasil\”.
O secretário defendeu investimentos externos de médio e longo prazo, \”o que vem para ficar, e não o que vem e eventualmente sai em um prazo mais curto e portanto, de maior volatilidade\”.