Manifestantes contrários e favoráveis ao código mediram forças no plenário e irritaram o presidente da Casa

Como era de se esperar, o clima entre ambientalistas e ruralistas ontem, durante o dia que marcou a votação do novo Código Florestal na Câmara, foi tenso. Apesar de uma quantidade de atos pró e contra o texto do deputado Aldo Rebelo menos expressiva que as registradas em ocasiões anteriores, a Esplanada dos Ministérios recebeu desde cedo diversas manifestações. O embate mais forte, no entanto, ocorreu na galeria do plenário, com representares de ambos os lados fazendo muito barulho e sendo chamados à atenção muitas vezes pelo presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS).

Pela manhã, cerca de 200 árvores na Esplanada e nos arredores do Congresso receberam mensagens escritas em cartolinas de apoio ao meio ambiente. A ação foi de autoria da organização não governamental WWF, contra o documento produzido por Aldo. Integrantes de outra organização ambientalista, o Greenpeace, acompanharam as diversas reuniões no Congresso e no Palácio do Planalto para pressionar os parlamentares contra o relatório apresentado.

Até a Central Única dos Trabalhadores (CUT) se envolveu na discussão com uma passeata, com direito a trio elétrico, pela Esplanada. Quando chegaram em frente ao Congresso, os manifestantes estenderam uma enorme faixa no gramado com a mensagem “Congresso, desligue as motosserras”. O ato foi logo repreendido por ruralistas, que ocupavam a entrada da Câmara.

Liderados pela senadora e presidente do órgão, Kátia Abreu (PSD-TO), integrantes da Confederação Nacional dos Agricultores (CNA) gritavam palavras de ordem em apoio ao texto de Aldo. À tarde, quando o plenário começou a ser preenchido por deputados, a galeria da Câmara ficou lotada. A maioria era composta por ruralistas, que viravam as costas e faziam sinal de negativo com as mãos durante discursos de deputados que criticavam o relatório do novo código florestal alegando que o meio ambiente seria prejudicado caso o texto fosse aprovado.

Barulho
Os manifestantes — tanto ambientalistas quanto ruralistas — em alguns momentos, vaiavam e aplaudiam os discursos dos deputados e Marco Maia ameaçou esvaziar as galerias. Apesar de estarem em minoria, os manifestantes contra o novo código eram os mais barulhentos. Por causa das interferências, parlamentares chegaram a perder a paciência.

“Esses são membros da CNA estão aqui porque foram convidados pela entidade para tomar café da manhã hoje”, provocou Ivan Valente (PV-SP). “Os discursos contra o texto de Aldo são feito por ambientaloides”, rebatiam parlamentares da bancada ruralista.

Irritado com as incontáveis discussões, Maia chegou a dizer que não importava quanto tempo a sessão durasse e que as votações ocorreriam mesmo durante a madrugada. “Estou adorando essa discussão de vocês, mas quero informá-los que colocarei a matéria em votação de qualquer maneira, mesmo às 3h”.

Igor Silveira

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