Mais investimentos para Santos

Publicação: 30/04/07

Por: JORNAL DO COMMERCIO

Porto terá projeto para dimensionar impacto econômico-financeiro na economia local


CLAYTON FREITAS DO JORNAL DO COMMERCIO


Uma comissão composta por 16 instituições de ensino superior da Baixada Santista se reuniu para elaborar um projeto que visa dimensionar o impacto econômico-financeiro do Porto de Santos para a economia local. A comissão irá apresentar um projeto para detectar quais são as cifras movimentadas em diversas áreas tais como prestação de serviços, construção civil e comércio varejista.


Num primeiro momento o projeto básico irá se debruçar sobre dois focos: a mão-de-obra e impacto econômico da relação Porto-cidades. Até o dia 15 de maio os centros de pesquisas das instituições envolvidas na comissão irão apresentar os investimentos necessários para o levantamento.


O idealizador do projeto é o deputado estadual Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), que de 2004 a 2006 foi secretário-adjunto da Secretaria Estadual de Educação na gestão Gabriel Chalita. Ele destaca a participação de alunos e docentes de instituições como a Universidade Católica de Santos (UniSantos), Universidade Santa Cecília (Unisanta), Universidade Paulista (Unip), Universidade Metropolitana de Santos (Unimes) e Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte). “Queremos dar um tom técnico e não partidário ao projeto e a experiência dessas instituições será fundamental para o desenvolvimento das atividades”, disse o deputado.


Barbosa, ligado ao grupo do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), mas que tem bom trânsito no grupo político de José Serra (PSDB), nega que a intenção esteja ligada ao pedido do atual governador do estado feito ao presidente Luiz Inácio Lula da Siva (PT) para regionalização do Porto de Santos. “É claro que são informações úteis e que poderão ser utilizadas como embasamento para a questão, mas não é essa nossa prioridade”, explicou.


Em reunião realizada no início de março deste ano com o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, Serra propôs que o governo paulista assumiria o Porto sem as dívidas, que somam aproximadamente R$ 800 milhões, – R$ 500 milhões de Refis (programa que parcela a dívida de pessoas jurídicas com o Fisco) e R$ 300 milhões de processos trabalhistas. A idéia é que a administração seja regionalizada e fique a cargo dos três municípios atingidos pelo Porto: Santos, Guarujá e Cubatão, com apoio dos governos estadual e federal. Até ontem não havia definição a respeito.


A comissão já definiu a metodologia dos trabalhos e que norteará o projeto descritivo a ser entregue até o dia 15 deste mês. Ela reunirá tanto dados fornecidos pela Companhia Docas do Estado de São Paulo, estatal federal responsável pelo Porto de Santos, tais como a movimentação das cargas, e serão aplicados questionários aos moradores do entorno. Os departamentos econômicos das prefeituras envolvidas, câmaras, sindicatos e associações de comércio e também serão as fontes do estudo.


Só para se ter uma idéia da riqueza gerada pelas atividades portuárias, o deputado cita dados obtidos junto ao Órgão Gestor de Mão-de-Obra (Ogmo) do Porto, responsável pela intermediaçao entre empresários e trabalhadores. Em 2006, em média, cerca de 70 mil pagamentos mensais foram realizados pelo Ogmo a trabalhadores de categorias de avulsos, como estivadores, conferentes, vigias, consertadores e rodoviários. Ao todo, foram desembolsados R$ 259,9 milhões com salários, 13°, férias, vale refeição, entre outros benefícios e obrigações sociais. “Com a realização do estudo pelas universidades, teremos condições de apurar com precisão a circulação e o destino deste dinheiro e quanto ele representa para a nossa economia”, disse Barbosa.


RESULTADO.


O resultado do estudo poderá nortear políticas públicas que visem qualificação de mão-de-obra, com possibilidade até de abertura de cursos técnicos e de graduação voltados ao mercado de trabalho. “Informalmente sabemos que apenas um terço do total de vagas são preenchidas por moradores da região de Santos. E uma coisa absurda é que 40% dos jovens de 16 a 21 anos estão desempregados”, explicou.


Para ele o paradoxo de grande demanda de mão-de-obra e desemprego na região só é explicado por um motivo: a falta de capacitação de pessoal. “Algumas universidades da região já oferecem formação acadêmica nas áreas de logística e gestão portuária, mas sabemos que ainda não atende a totalidade das carências existentes”, disse.


O custo da pesquisa ainda não é conhecido, mas devido à sua abrangência poderá atingir a casa dos milhões de reais. Barbosa afirma que parte do valor poderá ser pago pelo governo do Estado de São Paulo por intermédio da Secretaria Estadual de Transportes. Procurado, o órgão não confirma nem desmente a afirmação.
 

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