Maior demanda impulsiona recebimentos de café pela Cooxupé

Com a quebra na safra de conilon do Brasil, aumentou a demanda de torrefadoras por café arábica no mercado doméstico para a produção dos blends de café torrado e moído.

29 de novembro de 2016 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: Safras e Mercado

Porto Alegre, 29 de novembro de 2016 – A escassez de café conilon no

mercado doméstico, que elevou a demanda por café arábica pelas torrefadoras

do país, levou a Cooxupé – Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé

(MG) a aumentar a estimativa para o recebimento do grão na safra 2016/17. Até

o fim de setembro, quando terminou a colheita na região da cooperativa, a

previsão da Cooxupé era receber 6 milhões de sacas de café, mas o número

deverá alcançar cerca de 6,3 milhões de sacas, afirmou ao Valor Econômico

Carlos Alberto Paulino da Costa, presidente da cooperativa.

Com a quebra na safra de conilon do Brasil, aumentou a demanda de

torrefadoras por café arábica no mercado doméstico para a produção dos

blends de café torrado e moído.

“Já recebemos até agora 6,2 milhões de sacas e devemos receber mais 100

mil até o fim do ano”, afirmou Costa. O volume se refere a café entregue por

cooperados e também por terceiros. Na safra 2015/16, a Cooxupé havia recebido

5,1 milhões de sacas de café. “O mercado está demandando mais, e a

cooperativa está comprando café [para atender]”, acrescentou o dirigente.

O conilon é usado pelos torrefadores nos blends com arábica, mas a quebra

da safra no país, principalmente por causa da seca no Espírito Santo, tornou

a oferta escassa e elevou os preços, que bateram recordes. Normalmente, segundo

a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), as torrefadoras

utilizavam 50% de conilon e 50% de arábica, em média, nos blends de café

torrado e moído. Mas com a quebra da produção, a indústria está usando

menos de 20% de conilon nos blends.

De acordo com a Conab, a produção de café conilon no país deve ser de

8,35 milhões de sacas na safra 2016/17, 25,3% menos que o colhido no ciclo

precedente.

Como resultado da maior demanda por arábica, a Cooxupé deve ampliar as

vendas de café verde no mercado doméstico e reduzir as exportações do

produto. A previsão inicial da cooperativa, maior exportadora de café do

país, era embarcar 4,8 milhões de sacas de café verde. Mas agora esse volume

deve cair para 4,5 milhões de sacas, segundo Costa. Já as vendas no mercado

doméstico devem subir para 1,4 milhão de sacas.

Na avaliação do presidente da Cooxupé, o aumento da demanda por arábica

para os blends é positivo. “O conilon estava tomando espaço do arábica no

mercado interno. […] Agora o consumidor vai se acostumar com mais café

arábica no blend”.

Embora vá receber mais café que na temporada 2015/16, o faturamento da

Cooxupé deverá ser “um pouco menor” este ano, segundo Costa, em função da

variação cambial. No ano passado, a cooperativa mineira registrou faturamento

de R$ 4 bilhões.

A queda nos preços dos fertilizantes no mercado internacional devido ao

recuo do petróleo também deve contribuir para pressionar a receita da

Cooxupé, segundo Carlos Alberto Paulino da Costa. A cooperativa vendeu este ano

260 mil toneladas de fertilizantes a seus cooperados.

A Cooxupé também está estimando uma queda de 17% a 20% na produção de

café na próxima safra, a 2017/18, em sua região de atuação. Na temporada

2016/17, a colheita na região somou 19 milhões de sacas de café. De acordo

com o presidente da Cooxupé, a retração deve ocorrer devido ao ciclo de

bienalidade negativa do café.

Ele informou que agrônomos da Cooxupé fizeram levantamento em meados de

outubro que indicou o recuo. O cerrado mineiro e o sul de Minas, que registraram

aumento da produção no ciclo 2016/17, devem ter queda na colheita na próxima

temporada.

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