Lula resiste à pressão ruralista e recebe Stephanes

Publicação: 22/03/07

23 de março de 2007 | Sem comentários Comércio Mercado Interno
Por: VALOR ECONÔMICO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva resiste à pressão da bancada ruralista contra a escolha do deputado Reinhold Stephanes (PMDB-PR) para o Ministério da Agricultura. O Palácio do Planalto confirmou para hoje à tarde audiência do presidente da República com o deputado quando deverá ser formalizado o convite.


Um pouco antes, Lula recebe o atual titular da Agricultura, Luís Guedes, que estava em missão no exterior nos últimos dias. Guedes é um técnico de carreira e está no posto desde que o ex-ministro Roberto Rodrigues deixou o cargo. Na noite de ontem, o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), recebeu um telefonema do gabinete do presidente marcando audiência de Stephanes.


A bancada ruralista elevara o tom contra a possível opção de Lula pelo nome de Stephanes (PMDB-PR) para o Ministério da Agricultura. Em reunião ontem com Temer, parlamentares de PFL, PDT, PP, PR e do PT pediram a indicação do deputado ruralista Moacir Micheletto, colega de bancada de Stephanes.


O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), conversou por telefone com o presidente Lula e também pediu por Micheletto. Líderes de entidades ruralistas, como a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), engrossaram o coro por Micheletto. Na manhã de ontem, apesar da resistência da bancada ruralista, Lula informou a ministros que escolhera Stephanes. Ao longo do dia, no entanto, ele não bateu o martelo, mostrando que ainda ouvirá o PMDB.


Consultado pelo Palácio do Planalto, o ex-ministro Roberto Rodrigues criticou a forma como está ocorrendo a mudança de comando na Pasta que ocupou por três anos e meio. Rodrigues ponderou que era preciso garantir a continuidade das atuais políticas públicas para o setor. Ele defende a permanência do atual ministro Luís Carlos Guedes Pinto, mas avaliou que, apesar das brigas com o governador Roberto Requião em torno da liberação da soja transgênica e dos casos de febre aftosa no Paraná, é necessário fazer uma composição partidária. Assim, Micheletto seria a melhor alternativa.


Depois de resolver a nomeação da Agricultura, a preocupação do presidente Lula será escolher o substituto de Luiz Fernando Furlan no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Ontem, o chefe de gabinete do presidente, Gilberto Carvalho, disse que Lula pode fazer isso até amanhã. O propósito é convidar um empresário ou um executivo, evitando uma “solução caseira”.


A dificuldade de Lula em substituir Furlan diz respeito ao fato de que, na estrutura atual, o MDIC tem menos poder para tocar a política industrial que o Ministério da Fazenda. O orçamento da Pasta é um dos menores de Brasília (R$ 470,1 milhões) e o titular do cargo não tem o direito de escolher o presidente do BNDES, principal instrumento do ministério para promover políticas de incentivo à produção industrial e às exportações. Empresários de peso já recusaram as sondagens de Lula, entre eles, Jorge Gerdau (Grupo Gerdau) e Maurício Botelho (Embraer).


Gilberto Carvalho confirmou que o senador Alfredo Nascimento (PR-AM) reassumirá o comando do Ministério dos Transportes, Pasta que perderá parte de suas atribuições para a Secretaria Nacional dos Portos, a ser criada por Lula. Para essa secretaria, o presidente nomeará Pedro Brito, ex-ministro da Integração Nacional e aliado do deputado Ciro Gomes (PSB-CE).


Lula decidiu adiar, para junho, a escolha dos ministros que comandam quatro secretarias especiais vinculadas à presidência da República – Direitos Humanos, Pesca, Mulheres e Igualdade Racial. Antes, o presidente deverá escolher um substituto para Waldir Pires no comando do Ministério da Defesa, mas, segundo um assessor, vai tomar essa decisão fora do contexto e dos objetivos da reforma ministerial em curso: “Ele está se concentrando nos ministérios com mais reflexo na base partidária do governo”.


Para a Defesa, o mais cotado, segundo auxiliares de Lula, é o deputado, ex-ministro e ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo, do PCdoB de São Paulo. Aldo chegou a ser sondado no início do ano, mas declinou, alegando que não podia, naquele momento, renunciar à candidatura à reeleição na presidência da Câmara.(Com agências noticiosas) 

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