O tradicional cafeicultor Luiz Hafers quer repensar o mercado de café para os próximos 10 anos. Aos 71 anos, dos quais boa parte dedicados ao setor, Hafers afirma que já está mais do que na hora de traçar planos e discutir a cafeicultura com a nova geração de produtores do país. À frente da diretoria de café da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Hafers vai reunir representantes do setor na segunda quinzena de agosto para discutir os rumos da cafeicultura. “Temos que rever a produção, que não pode subsistir com o atual sistema de mão-de-obra”, diz. Os custos com mão-de-obra nos cafezais representam quase 50% dos gastos totais da produção, segundo ele.
A alta dos preços dos grãos provoca tradicionalmente um aumento de oferta global. Neste momento, a oferta e demanda está equilibrada, mas com viés de baixa, motivo principal da recuperação dos preços internacionais da commodity. Em Nova York, os preços futuros do café arábica acumulam valorização de 10,7% em 12 meses e de 15% nos últimos 24 meses.
Dados revisados da Organização Internacional do Café (OIC) mostram que a produção mundial de café para 2006/07 (outubro/setembro) está estimada em 121,42 milhões de sacas, um aumento de 10% sobre o ciclo anterior (110,34 milhões de sacas). A expectativa para 2007/08 indica uma queda na oferta global, para 112 milhões de sacas, por conta da menor produção, sobretudo do Brasil, principal produtor e exportador. O consumo global continua aquecido. Em 2006/07, está estimado em 119,43 milhões de sacas. A previsão é de que o consumo ultrapasse os 120 milhões de sacas para 2007/08.
De olho neste cenário, a Sociedade Rural Brasileira (SRB) pretende fazer um documento, a partir da reunião com os representantes do setor, e enviá-lo ao governo. A reunião, segundo ele, será aberta a todos da cadeia cafeeira. “Não há conceitos, preconceitos e certezas”, diz. Para Hafers, o setor tem de estar atualizado em relação às necessidades globais. “Temos que saber quanto será a demanda global nos próximos anos e quanto o Brasil precisará produzir para atender o consumo global. Também temos que conhecer os nossos concorrentes.” Finalizando, Hafers diz que as propostas tiradas na SRB têm de ser construtivas, e não conflitivas. “De opções, não de críticas.”