Luanda – O continente africano comprometeu-se durante a 54ª Assembleia Geral Anual da Organização Inter-Africana do Café (OIAC), realizada a 20 de Novembro em Kampala, Uganda, em trabalhar para cobrir o actual défice do café avaliado em 33 milhões de sacas, afirmou hoje, em Luanda, a delegada de Angola ao encontro, Josefa Sacko.
Em entrevista à Angop, a propósito do encontro, Josefa Sacko referiu que os indicadores apontam que haverá um défice de 33 milhões de sacas de café no mercado internacional até 2025.
Por este facto, os estados africanos assumiram o compromisso, não se dividindo em termos de metas a atingir cada um, de trabalhar no sentido de cobrir este défice e criar riqueza para o continente.
Esta situação, disse, fez com que os países membros assumissem um compromisso e adoptassem a “Declaração de Kampala”.
Esta declaração visa em primeira instância prestar atenção às questões de governação nos estados e as políticas apropriadas para a produção de café.
Estas políticas, explicou, prevêem o reforço da parceria pública privada, uma vez que, com o afastamento dos estados no processo de produção, torna-se importante que este reforço se verifique para que se saiba qual o papel de cada um. Isto visa também apoiar a implementação de programas e estratégias nos países membros.
“Cada sector tem a sua política (sector agrícola e subsector do café), então temos que acompanhar a implementação destas políticas para que o continente possa aumentar a quota no mercado internacional. O mercado está bom e há esperança de crescimento a nível do continente africano”, disse Josefa Sacko.
Segundo a responsável, a produtividade e a qualidade do café constam na declaração como uma chamada de atenção aos estados membros, a reforçar os centros de investigação dos seus países para o aumento da produção, melhorar a qualidade de café e acrescentar valor em toda a cadeia produtiva (da produção à comercialização), sublinhou.
O acesso às finanças e insumos é apontado na declaração como uma das grandes dificuldades que o sector agrícola enfrenta. A este, junta-se a necessidade de se definir políticas apropriadas para o acesso ao financiamento, com taxas de juro bonificadas, para facilitar o agricultor o acesso ao crédito. Neste domínio, a associação de camponeses é chamada a estar organizada em cooperativas para poder beneficiar de financiamentos.
A ex-secretária geral da Organização Inter-Africana do Café informou que a inserção do género e da juventude na actividade cafeícola foi igualmente abordada, adiantando que, os governos devem se comprometer em fortalecer e reforçar a integração das mulheres e dos jovens na promoção da cadeia de valor do café sustentável .
“Pretende-se que esta questão seja analisada na 55ª Assembleia geral que se realizará em Luanda em 2015, uma vez que o sector está preocupado com o envelhecimento não só dos cafezais como também do homem”, esclareceu.
“O capital humano deve ser valorizado e devem ser criados incentivos para que o sector possa ser a locomotiva da economia africana,” disse Josefa Sacko.
Portal Angop