fonte: Cepea

Lodo é opção barata de fertilizante

Por: Estadão

Resíduo tratado é rico em fósforo e nitrogênio e substitui, parcial ou
totalmente, a aplicação de adubo mineral


Fernanda Yoneya


O uso de lodo de esgoto tratado na agricultura pode ser uma opção econômica
para produtores. Aplicado como fertilizante, o resíduo orgânico “reciclado” é
comprovadamente rico em nutrientes – como nitrogênio e potássio – essenciais
para o bom desenvolvimento da lavoura.


Segundo informações da Embrapa Cerrados, pode-se aproveitar, por ano,
nitrogênio, fósforo e potássio em quantidades equivalentes a 1790 toneladas de
uréia, 2778 toneladas de superfosfato triplo e 102 toneladas de cloreto de
potássio, respectivamente.


SEGURANÇA


Antes de ser usado na agricultura, o lodo passa por processos de sanitização
que diminuem a quantidade de patógenos e tornam o material seguro. “Com o
tratamento adequado pelas companhias de saneamento, a quantidade de agentes
contaminantes, como coliformes fecais e ovos de helmintos, é desprezível, o que
torna a aplicação segura do ponto de vista sanitário. A presença de metais
pesados também é insignificante”, garante o pesquisador Jorge Lemainski, da
Embrapa Cerrados.


Lemainski destaca que é necessário usar equipamentos de proteção individual
(EPIs) para prevenir os aplicadores contra contaminações via oral. “Quanto menor
o contato, mais segura a operação.” Lodo de boa qualidade para a agricultura,
observa, é o lodo que se enquadra na legislação do Conama. Deve ser sanitizado e
não pode ter mau cheiro.


TESTES


O pesquisador relata os resultados positivos obtidos em experimentos que
usaram lodo em lavouras de grãos. “No milho, com a substituição total de adubo
mineral, a produtividade, muito boa, foi de 110 sacas/hectare. Para a soja, o
índice ficou em 56 sacas/hectare, também com substituição de fertilizante
mineral.”


Na dose de 30 toneladas/hectare de lodo, há viabilidade econômica para dois
cultivos de soja, com retorno de R$ 0,15 para cada R$ 1 investido no lodo como
fertilizante. Na cultura do milho o retorno chega a R$ 0,90, diz Lemainski, que
dá a dica de manejo: “Faz-se a rotação do milho com a soja. O lodo é aplicado
primeiro na lavoura de milho e, no segundo ano, o produtor entra com a soja, que
aproveitará o efeito residual.”


ECONOMIA


O produtor Arlindo Batagin Júnior, da Fazenda São Fernando, que cultiva
cana-de-açúcar no município paulista de Capivari, entre Piracicaba e Campinas,
conta que tem gostado dos resultados conseguidos com o uso do lodo como adubo.
Ele está “experimentando” a alternativa há dois anos em 50 dos 140 hectares de
sua propriedade. “Achei interessante por ser uma opção orgânica.”


Na fazenda, o produtor aplica 15 toneladas/hectare de lodo – que vem de
Jundiaí – e diz que o principal benefício foi em relação à “longevidade” do
canavial adubado com o resíduo reciclado. “Onde apliquei, o número de cortes
aumentou de cinco para sete. A capacidade de rebrota melhorou
significativamente.”


Além disso, Batagin Júnior calcula que os custos com fertilizantes caíram
pela metade. Dos gastos totais, diz economizar 20%. “Deixei de aplicar fósforo e
nitrogênio e só aplico potássio, que, no lodo, tem em menor quantidade”,
justifica. Ele destaca, porém, que o agricultor precisa ter uma esparramadeira e
uma carregadeira na propriedade para fazer a aplicação.


O produtor interessado em utilizar o lodo na propriedade deve, por lei,
apresentar um projeto agronômico assinado por engenheiro agrônomo ou florestal à
companhia de saneamento de sua região, que também segue determinações legais
para tratar o lodo corretamente e torná-lo adequado para a lavoura.


 


Informações
Embrapa Cerrados, tel. (0–61) 3388-9898; Embrapa Meio
Ambiente, tel. (0–19) 3867-8700

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