Livro decifra o marketing no agronegócio

13 de fevereiro de 2006 | Sem comentários Especiais Mais Café








O marketing no
agronegócio ainda está engatinhando no Brasil. Mesmo com o potencial produtivo
que o país apresenta, somente agora está sendo possível atingir níveis recordes
de exportação de determinados produtos agropecuários com a ajuda do
marketing.

Com o objetivo de ampliar este conhecimento, os autores
Richard Jakubaszko, Ariovaldo Luchiari Júnior, Décio Luiz Gazzoni e Paulo Choji
Kitamura tratam sobre este tema no livro Marketing da Terra. O livro tem o
prefácio do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Acompanhe a entrevista
de Richard Jakubaszko, jornalista, publicitário, consultor de marketing e
especialista em Comunicação e Marketing no Agronegócio.

Agrolink – Um
livro de marketing para produtores rurais, não é um sonho utópico dos autores? A
partir de agora obrigaria os agricultores a aprender sobre marketing?
Richard
Jakubaszko – Não, não é um livro sobre marketing, o Marketing da Terra é um
livro que mostra como usar técnicas de marketing, na ótica do produtor rural,
sobre aquilo que ele conhece e entende como ninguém, que é o produto que ele
planta e colhe, ou cria. Entretanto, o marketing, mais do que nunca, deve ser
decifrado. É como o desafio da esfinge, lançado pelos gregos há milênios atrás:
“decifra-me ou te devoro”. Quem não decifrar e entender os desafios da
modernidade será excluído do mercado. Esse desafio está, hoje em dia, para o
agricultor, em conhecer e praticar o marketing, para poder agregar valor, para
ter lucro, e que é uma justa necessidade de ganhar a vida, pois não é pecado ter
lucros.. Alguns anos atrás, lá nos anos oitenta chamava-se isto de “barrados no
baile”, eram os excluídos da época.

Agrolink – Mas como o produtor rural
vai diferenciar as técnicas de marketing sem conhecer o assunto, sem nunca ter
utilizado o conceito?
Richard Jakubaszko – Os produtores rurais sempre
fizeram marketing, apenas não sabem disso. Ao escolher o que vão plantar já
estão fazendo marketing. Se vai plantar soja ou milho, batata ou algodão, essa é
uma típica decisão de marketing, é como a indústria faz marketing ao decidir se
vai fabricar ventiladores, geladeiras ou tratores. A diferença é que o
agricultor pára por aí, não usa na seqüência da sua atividade as técnicas do
marketing para agregar valor aos produtos da terra, como faz a indústria. Outros
agricultores, mundo afora, fazem muito marketing, investem em programas de
marketing a médio e longo prazo, e agregam valor àquilo que plantam. Eles se
reúnem em cooperativas e “botam prá quebrar”. Os produtores de leite, nos USA,
por exemplo, estão entre os 15 ou 20 maiores anunciantes do país, e chegam a
patrocinar a corrida de Fórmula Mundial de Indianápolis, que é o evento
automobilístico mais caro do planeta. Isso é marketing. O Popeye vendeu tanto
espinafre nos USA e mundo afora que recebeu cerca de 10 estátuas espalhadas pelo
país em sua homenagem. São estes e outros exemplos que detalhamos no livro
Marketing da Terra, para demonstrar que é possível agregar valor aos produtos da
terra. Mas não ficamos apenas nos exemplos do exterior, mostramos no livro
exemplos brasileiros, como o Café do Cerrado e outros.

Agrolink – E quais
outros exemplos são dados no livro?
Richard Jakubaszko – Para fugir de uma
abordagem técnica sobre marketing, analisamos de forma específica os problemas
de alguns dos principais produtos da terra, como soja, tomate, batata,
café, cana-de-açúcar, álcool,
biodíesel, carnes vermelhas, hortifrutigranjeiros, em paralelo o cooperativismo
como forma de alavancar esses propósitos, e mostramos de forma objetiva o que se
faz de certo e de errado em termos de marketing no agronegócio no Brasil. Por
exemplo, os transgênicos têm 2 capítulos específicos no livro, um capítulo meu e
outro do Gazzoni. O Gazzoni dá uma antevisão sobre os transgênicos que vale para
os próximos 8 a 10 anos. Transgênico em si é marketing, tem um diferencial, e em
marketing o que agrega valor é algo que tenha diferencial, e o Gazzoni analisa
quais as diferenças para os diversos públicos que são os beneficiados diretos
com o plantio dos OGMs, sejam os agricultores, os consumidores ou mesmo as
indústrias. Já o Luchiari e o Kitamura mostram a importância futura do meio
ambiente em relação ao marketing dos produtos da terra. O problema maior é que
nos tempos atuais os consumidores europeus e americanos, cada vez mais, são mais
exigentes, além de politicamente corretos, e o Eurepgap é só um exemplo desse
futuro gargalo, quem não se enquadrar não vai vender, nem mesmo no Brasil, pois
aqui é só uma questão de tempo o nosso consumidor copiar os
gringos.

Agrolink – Nesse sentido o Marketing da Terra seria uma
antevisão futura do agronegócio?
Richard Jakubaszko – Não é tanto assim, pois
o que descrevemos e analisamos no livro de certa forma já acontece lá fora. Na
verdade o Marketing da Terra é apenas um novo jeito de olhar para as coisa do
agronegócio. O agricultor tem de entender que commodity tem sempre pagamento de
preço baixo, quem faz o preço é o comprador e não ele como vendedor. Porque a
indústria pode fazer o seu preço e o agricultor não? Claro que para agregar
valor os agricultores terão de entender o processo, se reunir com esses
objetivos nas suas cooperativas e associações, traçar objetivos comuns, e
investir. Porém, uma coisa deve ficar claro, se não fizer um marketing
competente, para ganhar dinheiro com commodty tem de rezar prá não chover, ou
chover demais, na horta do vizinho.

Agrolink – Lamentável constatação,
essa…
Richard Jakubaszko – É verdade, mas realista. O problema é quando
acontece na nossa horta… Para evitar isso temos de ser competentes. O livro
Marketing da Terra é só o primeiro grande passo nesse sentido. Foi editado pela
exigente Editora da UFV – Universidade Federal de Viçosa, com prefácio do
Ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, um apaixonado pelo assunto, e tem
co-autores do porte e magnitude dos engenheiros agrônomos Ariovaldo Luchiari
Júnior, Décio Gazzoni e Paulo Kitamura, todos pesquisadores científicos do
primeiro time da Embrapa. É isso, o livro mostra como agregar valor aos frutos
da terra, porém temos de saber que para agregar valor aos produtos temos que ter
um diferencial, temos que ter qualidade, senão vamos sempre lamentar os aumentos
dos custos de produção em insumos, equipamentos e logística, sem esquecer os
juros mais altos do mundo.

Serviço:
O livro Marketing da Terra (279
páginas, R$ 35) pode ser adquirido por telefone na livraria da UFV (31) –
3899.3117 ou pelo e-mail livraria@ufv.com.br ou no site www.editora.ufv.com.br,
fazendo a busca pelo nome da obra.

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