23/02/2007 16:02:10 – Último Segundo
Madri, 23 fev (EFE).- No ano em que se completam 65 anos da morte do escritor Stefan Zweig (1881-1942), a editora espanhola Cahoba lança uma nova edição de “Brasil, País do Futuro”, livro no qual o autor austríaco deixa explícita sua paixão pela mistura cultural e racial da antiga colônia portuguesa.
Zweig, de origem judaica, e sua segunda esposa, Lotte Altman, mudaram-se para o Brasil após o início da Segunda Guerra Mundial, onde suicidaram-se em 23 de fevereiro de 1942.
Alguns meses antes, Zweig havia concluído sua obra sobre o Brasil, na qual faz uma extensa retrospectiva da história do país, da chegada dos primeiros portugueses, em 1500, até a formação das grandes cidades e dos movimentos sociais da primeira metade do século XX.
O editor do livro, o uruguaio Juan Castillo Marianovich, afirmou hoje que é “casualidade” que o livro tenha sido lançado no momento em que se completa o 65º aniversário de morte de Zweig.
Segundo o editor, “Brasil, País do Futuro” é uma obra que está há muitos anos sem ser publicada em língua espanhola, desde que foi editada pela Espasa-Calpe na Espanha, em 1944, e pela editora mexicana Diana, nos anos 60.
“Trata-se de um livro interessante e, apesar do tempo transcorrido, muitas coisas que Zweig disse há quase 70 anos continuam tendo quase a mesma validade”, disse Marianovich.
A edição publicada agora pela Cahoba foi revisada, adequada e preparada em 1994 para o leitor contemporâneo pelo alemão Volker Michels, especialista na obra de Zweig.
“Brasil, País do Futuro” foi um livro muito popular na época de sua primeira edição, embora tenha recebido algumas críticas a partir de setores que consideravam que o escritor tinha sido “comprado” pelo regime do presidente Getúlio Vargas.
Sobre isso, o editor manifestou seu convencimento de que Zweig “sentia de verdade” tudo o que escreveu no livro.
A editora Cahoba, que tem os direitos mundiais em língua espanhola, realiza gestões para distribuir o livro na América Latina e espera que, dentro de três meses, no máximo, possa ser encontrado nas livrarias.
Em sua obra, Zweig afirma que os jesuítas foram os primeiros a se interessar pelo Brasil e seu povo, e narra como, alguns anos depois, Portugal, Holanda e França descobriram o potencial do país, o que transformou o Brasil em objeto de cobiça pelo ouro, diamante, borracha, café, tabaco, açúcar e cacau.
A obra de Zweig é composta quase exclusivamente de contos, romances curtos e biografias, entre elas a de Maria Antonieta, última rainha do “antigo regime” francês, e a de José Fouché, chefe da Polícia de Napoleão, mestre na arte de trair seus chefes quando estes deixavam de interessá-lo.
Zweig decidiu mudar-se para o Brasil por conta da situação reinante na Europa, onde Adolf Hitler ameaçava dominar o continente.
EFE jnr pk/an–>