27/11/2006 21:11:06 –
Dojival Filho Do Diário do Grande ABC
Uma história marcada pelo sonho de ascensão social, o nacionalismo e toda sorte de adversidades. Assim pode ser descrito o livro O Súdito (Terceiro Nome, 536 págs, R$ 62 em média), do jornalista Jorge Okubaro, que narra a saga da imigração japonesa no Brasil, e será lançado nesta terça-feira, a partir das 19h, no Restaurante Shintori, em São Paulo. O autor baseou-se na experiência de seu pai, Massateru Hokubaru, que deixou o Japão em 1918, aos 13 anos, motivado pela perspectiva de fazer fortuna com o lucro da colheita de café. “Todo emigrante japonês que saía para trabalhar em outro país, especialmente o que vinha para o Brasil, tinha o sonho de enriquecimento rápido, de ‘colher dinheiro em um pé de café’.
Essa era a propapaganda do governo para os japoneses que enfrentavam dificuldades. Quando chegaram, encontraram uma realidade completamente diversa daquela que lhes haviam prometido”, afirma Okubaro.De acordo com ele, logo os nipônicos perceberam que os custos com a produção eram muito altos e que a exploração à qual eram submetidos pelos fazendeiros não os deixaria prosperar. Okubaro conta que a idéia de escrever o livro surgiu após ter sido incentivado por um leitor de uma resenha sua a respeito de Corações Sujos, do também jornalista Fernando Morais, que trata sobre o movimento Shindoo Renmei (Liga do Caminho dos Súditos), associação de japoneses surgida após a Segunda Guerra Mundial, que não admitia a derrota do Japão na batalha.
Nacionalista ferrenho, Massateru foi preso por integrar a organização, e, conforme o autor, “tornou-se réu no que, até então, era o maior processo judiciário brasileiro”. Obrigado a reconhecer a derrota japonesa, decidiu continuar no país e adotou o português como idioma, razão pela qual os filhos mais velhos esqueceram a língua de seus antepassados e os mais novos sequer aprenderam. Segundo o autor, esse processo de adaptação de Massateru à realidade brasileira se deu em Santo André, cidade onde o jornalista, nascido em Araraquara, passou a infância e a adolescência. “Ele (Massateru) se urbanizou justamente em São André, onde descobriu que valeu a pena o sacrifício.
Para os japoneses, o filho mais velho tem um significado muito importante. Eu simbolizo esse êxito dele com o meu irmão, Massayuki, que foi oficial do Exército brasileiro e o primeiro vereador de ascendência japonesa em Santo André, em 1959.O Súdito –
Lançamento do livro do jornalista Jorge Okubaro – Nesta terça-feira, a partir das 19h. No Restaurante Shintori – alameda Campinas, 600, São Paulo. Tel.: 3283-2455.