Livres de agrotóxicos

Produzidos sem uso de pesticidas e fertilizantes sintéticos, alimentos orgânicos são considerados mais nutritivos e saborosos. Em Goiânia, associação trabalha para conscientização da importância desse tipo de agricultura

Por: Diario da Manhã

DM. REVISTA
13/04/2011 
 
Produzidos sem uso de pesticidas e fertilizantes sintéticos, alimentos orgânicos são considerados mais nutritivos e saborosos. Em Goiânia, associação trabalha para conscientização da importância desse tipo de agricultura
 
Suindara Alexandre
DA EDITORIA DO DMREVISTA

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), um produto, para ser considerado orgânico, deve ser produzido sem o uso de agrotóxicos, adubos químicos e outras substâncias sintéticas. O processo produtivo também deve respeitar os princípios agroecológicos que contemplam o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais. Além disso, as relações sociais e as peculiaridades culturais do local de cultivo devem ser respeitadas.


O Ministério ainda afirma em seu site www.prefiraorganicos.com.br que “o Brasil, em função de possuir diferentes tipos de solo e clima, uma biodiversidade incrível aliada a uma grande diversidade cultural, é, sem dúvida, um dos países com maior potencial para o crescimento da produção orgânica”. Os resultados de tanto esforço são produtos mais saudáveis e nutritivos que garantem a saúde de quem consome, de quem planta e do planeta.


A advogada Graça Pinto Coelho conhece bem os efeitos nocivos que os agrotóxicos podem causar nos trabalhadores rurais. Ela conta que já teve três clientes de processos trabalhistas que foram intoxicados com pesticidas usados no cultivo de frutas e hortaliças. Graça ainda revela que um primo seu teve de se submeter a um tratamento que durou vários anos devido a esse tipo de intoxicação na lavoura.


Para evitar que esse veneno chegue em sua casa, a advogada quer passar a consumir apenas alimentos orgânicos. Ela já evita o uso de enlatados e gosta de comprar frutas de pequenos produtores que vêm direto da roça ou dos quintais. Como Graça é proprietária de uma casa no interior com um grande quintal, ela também gostaria de plantar frutas, hortaliças e vegetais orgânicos para seu próprio consumo. O que a impede de mudar seus hábitos alimentares, segundo a advogada, é a dificuldade de encontrar produtos genuinamente orgânicos.


Confiança


A Associação para o Desenvolvimento da Agricultura Orgânica (Adao), existe em Goiás desde 1995. A entidade congrega produtores e consumidores e o objetivo é trabalhar toda a cadeia de orgânicos. A Adao promove feiras em diversos lugares da Capital e conta com o apoio da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Goiás (Aduf) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).


Mariano Alejandro Parejo, presidente da entidade desde o final do ano passado, afirma que a Adao tem entre seus associados 15 produtores e cerca de 30 consumidores que participam ativamente da associação. Se for contar os consumidores associados afastados, este número chega a 150. Parejo explica que a Adao promove palestras, cursos, oficinas e ainda faz dias de campo, nos quais ele leva as pessoas para conhecer os locais de produção de orgânicos.


O presidente da associação ressalta que esse tipo de visita é importante para estabelecer uma relação de confiança entre quem produz e quem compra. “A grande barreira é que muita gente não acredita que o produto é realmente orgânico”, explica Parejo. Para aumentar ainda mais a credibilidade da Adao, ele diz que a entidade quer se tornar um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica (Opac). Este tipo de organismo, que é credenciado no Mapa, utiliza critérios internacionais de avaliação para poder conferir aos produtores uma certificação que diz que o que é produzido por eles é realmente orgânico. Quem recebe esta certificação ainda é incluído no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos e pode utilizar o selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica, o SisOrg.


Oferta


O empresário Grégor Kux abriu em Goiânia uma empresa especializada em produtos orgânicos há sete anos. A Cerrado Alimentos Orgânicos, que é também um restaurante, oferece alimentos não perecíveis a granel e produtos de limpeza e beleza à base de aloe vera. Tudo orgânico de fornecedores locais e de São Paulo. Kux ainda cede seu espaço às terças e quintas para que a Adao promova uma de suas feiras. Nelas, são oferecidos, além de frutas e verduras, pães e outras delícias feitas com orgânicos.


Há outros lugares em Goiânia que oferecem este tipo de produto. A Natural Alimentos vende pães, bolos e doces orgânicos. Nos supermercados Walmart, são oferecidos café, arroz, conservas e produtos processados como cookies e barrinhas de cereais. Já nas lojas da rede Pão de Açúcar, a variedade de produtos frescos é maior e lá tem até ovos orgânicos. Tofu, cogumelos, sucos e rapadura orgânica também estão disponíveis.


No Mercado Popular da Rua 74, a Adao segue sua Feira Agroecológica nas manhãs de sábado com produtos vindos direto dos produtores e, portanto, mais baratos do que nos supermercados. Já o restaurante Panela Mágica tem em seu buffet uma sessão dedicada aos vegetais orgânicos. A Igreja Messiânica do Setor Marista e o Shopping da Cidade Jardim também faziam feiras orgânicas semanais, mas, devido às chuvas, o suprimento ficou comprometido e não se sabe quando voltarão a funcionar.


A oferta de produtos orgânicos nem se compara à dos produtos convencionais, mas as opções estão aí. Basta um pouco mais de investimento para se ter uma alimentação mais saudável e livre de agrotóxicos. Vale lembrar que os alimentos orgânicos fazem bem não somente para quem os consome, mas desgastam menos o planeta e não intoxicam quem planta.

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