SAFRAS (24) – Os estoques brasileiros de café, públicos e privados, estão em níveis perigosamente baixos para o próximo ano, quando o país deverá colher uma safra bem menor que em 2006. No entanto, há possibilidade de uma administração da oferta. Essa é a avaliação do secretário de produção e agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Linneu Costa Lima. Ele concedeu entrevista durante o 14o Encafé (Encontro Nacional das Indústrias do Café), que ocorre de 22 a 25 de novembro em Guarapari/ES.
Segundo Linneu, o governo está trabalhando para garantir uma estabilização da oferta de café, com uma política anti-cíclica, que garanta renda ao produtor evitando anos de grandes baixas ou excessivas altas nos preços. Ele destacou que viajou por inúmeros países produtores nos seus quatro anos como secretário e que há o conhecimento de que acima de US$ 120,00 por saca começa a ocorrer um incentivo à produção em novas áreas, o que poderia causar uma outra crise de baixos preços com crescimentos desenfreados nas safras de países produtores.
O secretário afirmou que no Brasil o custo de produção gira na faixa de US$ 80,00 a saca. Assim, o ideal seria a manutenção de um preço entre US$ 100,00 a US$ 120,00 a saca ao produtor, de modo que ocorresse garantia de renda ao produtor e não houvesse desestímulo à produção e nem grandes incentivos à plantação de café em maiores áreas. Hoje, o preço do café no Brasil já vai passando dos US$ 120,00 a saca. No entanto, após as recentes crises, os produtores brasileiros parecem estar seguindo a orientação de investir em produtividade ao invés de buscarem aumento de áreas.
Com um preço nesta faixa de garantia de renda haveria segurança para todos os setores do café, afirma Linneu. Com isso o produtor poderia investir em tecnologia e produtividade na lavoura, mantendo uma oferta regular, e os consumidores teriam a garantia de disponibilidade de café. Estes saltos de preços exagerados, com fortes baixas na produção, não favorecem ninguém, salientou.
Linneu afirma que com os financiamentos do governo (Funcafé) haverá a passagem de um estoque para o ano que vem, que será de baixa oferta devido ao ciclo bianual. O secretário indica que ainda é cedo avaliar de quanto será a perda de safra além da bianualidade, já que muitas regiões tiveram problemas nas floradas, o que pode acentuar a redução na oferta no ciclo 07/08. Ele acredita que será possível administrar a oferta com estoques públicos e privados no próximo ano. “É fundamental que a gente mantenha nossa participação no mercado mundial nas exportações e garanta um abastecimento relativamente tranqüilo internamente. E eu acho que isso pode acontecer”, concluiu.