A efetivação das regiões metropolitanas é recebida com otimismo em Maringá e Londrina. A perspectiva de que o planejamento das cidades será feito de forma integrada, o que vai permitir um crescimento mais ordenado dos municípios, leva representantes das comunidades a apostarem no desenvolvimento econômico e social das duas regiões.
A necessidade de identificar, reconhecer, valorizar e estimular a vocação e o potencial de cada um dos oito municípios que formam a região metropolitana de Londrina e os 14 que constituem a de Maringá é apontada como prioritária pelo agricultor Fábio Gonçalves dos Anjos, presidente da Cooperativa Agroindustrial Solidária de Lerroville (distrito de Londrina).
O produtor de café faz o alerta por considerar comum associar metropolização apenas a questões urbanas, ignorando a importância da agricultura para garantir o abastecimento das zonas urbanas. Gonçalves dos Anjos observa que, embora o crescimento populacional e a expansão da indústria e dos serviços sejam realidade há algum tempo na região de Londrina, a agricultura ainda é a base da economia de boa parte dos municípios da região.
De fato, como mostra a série “Leituras Regionais”, do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), metade dois oito municípios que formam a região metropolitana de Londrina tem a agropecuária como principal atividade ou, no mínimo, em igualdade de importância com a indústria e serviços.
É o caso de Tamarana, ao sul de Londrina, que faz limite com o distrito de Lerroville, onde Gonçalves dos Anjos tem uma propriedade de cinco alqueires com 35 mil pés de café. Na avaliação do produtor, se a vocação das duas localidades não for reconhecida e estimulada, o êxodo para Londrina será inevitável, o que vai agravar problemas como falta de habitação, saneamento e emprego.
“Os municípios hoje trabalham isolados. Com a região metropolitana, muda a concepção do planejamento. Passa-se a pensar a região como um todo. Se for um planejamento bem feito, que leve em conta as características de cada município, o desenvolvimento da região de Londrina poderá ser organizado, mais justo”, observa o líder agricultor.
O planejamento integrado também é mencionado pelo empresário Carlos Alberto Tavares Cardoso, presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Maringá (Aceim), como mudança imediata que a criação de uma região metropolitana traz. “Hoje cada município traça seus próprios objetivos, isoladamente. Com a metropolização, esse planejamento se torna mais amplo, evitam-se conflitos de objetivos e desperdício de energia”, afirma.
Segundo Cardoso, a Aceim já encomendou um estudo que será entregue à coordenadoria da região de Maringá, no qual serão enumerados os principais anseios, problemas e propostas para contribuir para o desenvolvimento da região. “Temos convicção que a metropolização vem para melhorar, para proporcionar um crescimento de forma mais organizada, com mais planejamento, que preze pela qualidade de vida que Maringá já conquistou”, ressalta o empresário.
Na avaliação do comerciante Mohamad El Kadri, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Ibiporã (Aceibi), a efetivação das regiões metropolitanas vai favorecer principalmente os municípios menores, nos arredores de Londrina e Maringá. “Com a globalização, quem tem perdido são os pequenos. Se os pequenos não se unirem, vamos morrer. A metropolização vai permitir que todos os municípios tenham participação, poder de decisão, o que significa que, para os pequenos, ela vem para melhorar”, analisa.
Vizinha a Londrina, Ibiporã poderá ser beneficiada por investimentos de empresas interessadas em se instalar na região mas que não encontram espaço no município pólo, prevê o comerciante. “Londrina já cresceu bastante. A criação da região metropolitana vai alavancar o desenvolvimento das cidades menores”, afirma.