Líderes em exportação lutam para manter competitividade

1 de dezembro de 2005 | Sem comentários Comércio Exportação
Por: DCI por Paula Andrade

O Brasil
não apenas tem aumentado a sua participação, como ocupa o primeiro lugar em
vários setores do comércio mundial. Quando se fala de exportações de café, açúcar, ferro, suco de laranja,
carnes e castanha de caju, o País domina o mercado internacional, sem
concorrentes. Ser o primeiro, e, em alguns casos, chegar a ponto de ditar os
preços de mercado, tem suas vantagens, mas também tem desvantagens, segundo
relatam empresários desses setores.

“A exportação de açúcar é uma vocação
natural do Brasil. Além do ambiente propício para o cultivo da cana-de-açúcar,
um dos principais motivos que tornam o nosso País um dos maiores quando se trata
de açúcar é a não-intervenção do Estado nos negócios, como acontece no resto do
mundo”, disse o secretário-geral da União da Agroindústria Canavieira (Unica),
Fernando Moreira Ribeiro. Ele explicou que, hoje, o Brasil é o único país do
mundo onde o governo não dita as regras para produção sucroalcooleira. “Sem a
ajuda do estado, o empresário teve de se virar sozinho, investir mais, e isso
fez com que ficássemos mais competitivos”, explicou.

No entanto, liderar
o mercado de açúcar por quase dez anos, representando cerca de 40% do mercado
internacional tem as suas desvantagens. “Ser o tomador de preço pode ser uma
vantagem e uma desvantagem. Não podemos nem subir demais o preço, nem baixar.
Temos de nos manter competitivos e investir sempre para manter o espaço”, disse
Ribeiro.

Esse também é o argumento o setor de couros. Há pouco mais de
três anos liderando o mercado internacional, o couro brasileiro pode ser visto
principalmente em móveis e calçados, tanto na Europa quanto na Ásia. Esse
resultado é fruto de investimentos da ordem de mais de US$ 300 milhões em dez
anos. “Apesar do preço, a vantagem maior é o marketing. Ser conhecido como de
melhor qualidade, maior rebanho bovino, isso tudo conta na hora de vender o
produto”, destacou presidente do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil
(CICB), Umberto Sacchelli.

“A despeito das adversidades representadas
pelas elevadas taxas de juros, pesada carga tributária, baixa cotação do dólar e
demora pelo repasse dos créditos fiscais acumulados nas exportações, os
embarques nos dez meses do ano cresceram 7% ante o mesmo período de 2004,
aumentando de US$ 1,07 bilhão para US$ 1,15 bilhão”, comentou
Sacchelli.

A CICB calcula que a cadeia produtiva do couro tem potencial
para exportar US$ 10 bilhões e gerar 650 mil novos empregos nos próximos cinco
anos. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de couros com o
processamento de 42 milhões de unidades e embarque de 28 milhões de peças. O
principal motor das exportações de couro é o fato do Brasil possuir o maior
rebanho bovino comercial do mundo, de 195,5 milhões de cabeças. Por
conseqüência, outro segmento também tem se aproveitado os investimentos na
pecuária: a exportação de carnes.

Há dois anos o Brasil lidera o mercado
mundial de carne bovina. De acordo com dados da Associação Brasileira das
Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), o Brasil conquistou, apenas em 2004,
mais de 40 novos mercados para a carne brasileira, que somam 143 países. Nem
barreiras fitossanitárias, nem câmbio desvalorizado, ou febre aftosa, foram
capazes de segurar o crescimento do setor.

O título do setor de carnes é
fruto, principalmente, do reconhecimento mundial à luta que contra a doença nos
últimos anos, por meio de vacinações maciças e disseminação de informações. As
vendas externas crescem desde 1996 (ano em que foram movimentadas somente 46 mil
toneladas), mas explodiram mesmo a partir de 2001, quando o maior pólo produtor
do Brasil, Mato Grosso do Sul, foi declarado área livre de aftosa. E nem quando
a doença voltou a assolar a região, como aconteceu este ano, os importadores
deixaram de comer carne brasileira; eles passaram a comprar de outros Estados
brasileiros livres da febre aftosa. Este ano, a previsão é possível atingir o
volume de US$ 3 bilhões de exportação de carnes esse ano, acima dos US$ 2,5
bilhões exportados no ano passado.

Outro segmento em que o Brasil lidera
é o de frutas, principalmente o de suco de laranja. De acordo com dados do
Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), dos 38 milhões de toneladas de frutas
produzidas anualmente no País, 18 milhões são de laranjas. Dessas, 16 milhões
são processadas e viram suco para exportação. Embora a área plantada tenha se
retraído em 27%, de 800 mil para 628 mil hectares, a produção de laranjas
cresceu 16%, passando de 311 milhões para 360 milhões de caixas. A receita
dessas vendas alcança US$ 681 milhões.

A Associação Brasileira dos
Exportadores de Cítricos (Abecitrus) destaca que ser o primeiro chama muito a
atenção, o que faz gerar novas barreiras tarifárias. “Recentemente as
autoridades norte-americanas impuseram medidas provisórias antidumping às
exportadoras brasileiras que estão se defendendo dessas acusações que, na
verdade visam criar injustificada proteção aos interesses locais, diante da
capacidade competitiva do Brasil”, denuncia a entidade.

Sem ter muito de
que reclamar, com reservas naturais estimadas em 48 bilhões de toneladas e
contabilizando um saldo de US$ 5,7 bilhões no acumulado até outubro deste ano, a
liderança mundial nas vendas de minério de ferro tem gerado lucro para a
Companhia Vale do Rio Doce , a maior mineradora do mundo, e
brasileira.

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