A Libra Terminais, segunda maior operadora de contêineres no porto de Santos, começa a fazer blends de cafés em seu novo terminal em Cubatão – estrategicamente localizado pela eqüidistância das duas margens do porto. Com investimentos da ordem de R$ 25 milhões, a empresa aposta em um novo filão de serviços para os exportadores. Tradicionalmente, o blend é feito no próprio Estado de origem ou nos armazéns gerais dos portos. “Começamos a fazer a estufagem [carregamento nos contêineres] no pátio de Cubatão para cafés já prontos e passamos a compor os blends de acordo com a demanda do exportador”, afirmou ao Valor Mauro Santos Salgado, presidente da Libra Terminais. De acordo com Salgado, a empresa teve de criar uma nova estrutura para recepcionar os grãos que chegam em sacas de 60 quilos ou “big bags” (até 1,5 mil quilos). Esses grãos são descarregados em moegas. Em seguida, são conduzidos aos silos, onde será feito o blend, antes de serem encaminhados aos contêineres. A meta da empresa é estufar, em média, 1,2 mil contêineres por mês neste primeiro semestre. A partir do segundo semestre deste ano, pretende ampliar para 1,4 mil contêineres. A Libra fará o blend independentemente do terminal em que o embarque do grão será feito. A área total que a empresa ocupa em Cubatão é de aproximadamente 160 mil metros quadrados, apenas um pouco menor que a área de 200 mil metros quadrados que a Libra dispõe no cais santista. Para entrar no negócio, a Libra calculou que os grãos procedentes do Estado de origem e transportados em carretas – acondicionados em sacas ou big bags -, suportam um volume até 20% superior ao transportado em contêineres. “Significa que em cinco viagens de carreta, o exportador ganha uma viagem de contêiner”, afirmou Alan Lear, diretor de logística da Libra. Outro fator é que o novo terminal aceita café com até 15 dias de antecedência do embarque, ante sete dias no mercado. A nova modalidade de serviço da Libra reflete a necessidade da empresa de superar os gargalos logísticos do porto de Santos e abre caminho para que o terminal amplie seu foco de negócios, estimule a concorrência e reduza os custos dos embarques. De acordo com Salgado, presidente da companhia, o terminal de Cubatão também deverá operar com outros produtos ligados aos agronegócios, como algodão e cargas frigorificadas. A Unicafé praticamente inaugurou os novos serviços da Libra, caminho também seguido pela Mitsui Alimentos. Segundo Lear, novas adesões estão programadas, como a da Marcelino Martins e da Cooxupé, segundo Lear. Carlos Honorato Ferreira, diretor da Unicafé, empresa que liderou as exportações do grão em 2005, com quase 2,4 milhões de sacas embarcadas, afirmou que a estrutura de checagem do contêiner nesse terminal e a sua localização contam a favor do exportador. No ano passado, a Libra Terminais movimentou, em seu terminal santista, o equivalente a 690 mil teus (sigla em inglês para contêineres de 20 pés), performance aproximada a do ano anterior. Para 2006 a meta é crescer entre 8% e 10%, “o que vai depender do câmbio”, segundo Lear. |