Publicação: 04/06/07
A previsão do governo de que os estoques privados de café cairão para sete milhões de sacas até o dia 30 de junho, quando termina o ano-safra 2006/07, e o anúncio de leilões de prêmio para sustentar os preços do produto fizeram as cotações da commodity registrar forte alta na última sexta-feira na bolsa de Nova York. Os contratos de setembro subiram 545 pontos para US$ 1,2020 por libra-peso, o maior valor desde 12 de fevereiro deste ano, segundo o Valor Data.
“O mercado se surpreendeu com a previsão para os estoques privados”, afirmou Sérgio Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, de Santos. Ele fala em estoques de oito milhões de sacas de café no início do próximo ano-safra 2007/08, no dia 1 º de julho, um patamar que “nunca foi tão baixo”, disse.
Para Carvalhaes, tal número pode significar entrar com estoques zerados na safra 2008/09, considerando uma produção estimada pelo mercado em 35 milhões de sacas na safra 2007/08 e que o consumo mundial de café cresce 1,5% ao ano. Na safra que está acabando, de 43 milhões de sacas, as exportações brasileiras somaram 28 milhões de sacas e o consumo interno, 17 milhões.
De acordo com a Reuters, os leilões de Prepo (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) e a valorização do real ante o dólar também estimularam coberturas de posições vendidas de fundos em Nova York. Nesses leilões, o governo oferecerá ao produtor ou a cooperativas um prêmio de até R$ 40 reais por saca, com um preço de referência de R$ 300 para a saca de café.
“O preço de referência não reflete a realidade do mercado, mas pode ajudar produtores a atrasarem as vendas até a entressafra, quando os preços ficam mais altos” , disse Gil Barabach, analista da Safras & Mercados, à Reuters.
No mercado interno, o café também subiu na sexta-feira, mas não no mesmo ritmo que lá fora. O arábica fino/extra foi cotado entre R$ 245 e R$ 250 por saca, R$ 5 a R$ 7 acima do dia anterior, segundo o Escritório Carvalhaes.