17/07/2009 – Neste momento, o efeito dos leilões de contratos de opção de venda de café sobre o mercado internacional tende a ser “homeopático”.
” É evidente que teria sido bem melhor se o primeiro leilão fosse realizado durante o mês de junho, quando o café acentuava a linha descendente de preço. Realizado agora, perde o impacto e tende a ter um efeito mais paliativo.” A avaliação parte do analista de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach.
Barabach comentou que finalmente aconteceu o primeiro leilão na quarta-feira (15).
A procura foi elevada e houve expressivo ágio em relação ao prêmio de abertura, como era esperado. Seguindo ele, o preço de exercício de R$ 303,50 a saca para novembro é bem superior ao praticado no mercado, que gira em torno de R$ 235 a R$ 240 para bica corrida tipo 6 de bebida dura.
Isso estimulou o interesse do produtor, o que fez a oferta de 1 milhão de sacas evaporar rapidamente, indicou Barabach.
A disputa foi acirrada e o prêmio pago pelo produtor para ter o direito de vender ao governo ficou em R$ 9,50 por saca, o que corresponde a um ágio de mais de 500% em relação ao prêmio de abertura de R$ 1,50 a saca, lembrou o analista. Para Gil Barabach, o avanço da safra nova e mais à frente as especulações em torno de uma grande safra brasileira em 2010 devem manter o mercado pressionado.
“Os leilões de opção serviriam para suavizar o efeito negativo, servindo como uma medida anticíclica”, observou. O analista indica que para o produtor é uma estratégia de hedge interessante. Paga-se um valor para ter a garantia de venda a um determinado preço e não há a obrigação de venda.
Assim, se o preço lá em novembro estiver acima do preço de exercício, o produtor não precisa exercer a opção de venda, podendo desfrutar desse patamar.
Lógico que tem que pagar por isso, no caso o prêmio no leilão.
“E mesmo com o ágio elevado pago no prêmio, ainda assim é vantajoso para o produtor. Se por acaso tivesse que fixar uma posição na BM&F contra dezembro receberia em torno de US$ 135 a saca, que convertido em reais de hoje representaria R$ 262,44 a saca, abaixo dos R$ 294 líquidos (303,50 – 9,50) garantido na operação hedge com opção”, analisou Barabach.
Barabach faz ainda uma reflexão: “Imagina se todo esse esforço dos produtores fosse revertido para melhorar o acesso e a popularização de instrumentos de comercialização já disponíveis, aproximando esses agentes dos mercados futuros, bem como, ajudando a alavancar as negociações de opções em bolsa?” Existem projetos para financiar a margem, bem como, iniciativas para dar liquidez às opções. Mas grande parte dos produtores sequer tem conhecimento dessas ações, lamenta Barabach. (LC)