Lei americana agita administração de portos

Por: VALOR ECONÔMICO

Uma lei dos Estados Unidos que exigirá dos portos estrangeiros que passem pelo raio X cada contêiner destinado ao país parece destinada a criar vencedores e perdedores e forçar a consolidação dos portos mundiais.


Criada para garantir que os contêineres não sejam usados por terroristas para contrabandear armas ou explosivos para os EUA, a Lei de Exigências para Escaneamento de Cargas Marítimas começa a ter um impacto significativo na indústria mundial dos transportes marítimos, dizem autoridades portuárias e operadores de portos na Europa e Ásia.


As empresas que fabricam as máquinas gigantes de raios X e gama, de US$ 5 milhões cada, necessárias para verificar os contêineres já se preparam para um boom em pedidos, na medida em que cerca de 700 portos pelo mundo se preparam para as novas regras dos EUA, que foram sancionadas em agosto mas só passam a valer em 2012. Analistas do setor dizem que cada porto terá de comprar de uma a dez dessas máquinas ou parar de exportar para o mercado mais rico do mundo.


Os portos grandes e modernos, a maioria na Ásia, também devem experimentar um crescimento dos negócios, enquanto portos mais antigos lutam para atender às exigências americanas. A União Européia calcula que o custo inicial médio para que um porto compre e mantenha o sistema de raios X esteja em torno de US$ 100 milhões, um valor alto demais para justificar que alguns portos menores continuem mandando produtos para os EUA.


Portos brasileiros têm adquirido scanners nos últimos anos, embora não necessariamente em decorrência das leis americanas. O auditor fiscal Antonio Russo Filho, do Porto de Santos, disse que a adoção de scanners já está em andamento para agilizar a liberação de carga, tanto exportada quanto importada.


Já portos grandes e antigos como o de Antuérpia, na Bélgica, estão em desvantagem. O de Antuérpia teria de construir estradas e pontes novas para levar os contêineres espalhados por suas docas até as máquinas de raios X, e pode não ficar pronto a tempo. “Vamos ter bilhões (de euros) em custos extras”, diz Lieven Muylaert, autoridade da alfândega belga.


A UE tem liderado uma oposição mundial às novas exigências americanas, preocupada com os custos extras que a relativa falta de flexibilidade em muitos portos europeus pode trazer aos seus produtos. Os novos portos asiáticos geralmente são maiores, apesar de mais compactos, que seus pares europeus. Eles terão menos problemas para atender às exigências, dizem operadores portuários e analistas. A UE ameaçou impor restrições semelhantes a todos os contêineres americanos destinados à UE.


Desde os ataques de 11 de setembro de 2001, os EUA endureceram as regras que tentam prevenir que terroristas contrabandeiem armas para o país em contêineres, as caixas de metal de 20 ou 40 pés (cerca de 6 ou 12 metros) que levam desde brinquedos a equipamento pesado. Os EUA importaram 12 milhões de contêineres de produtos no ano passado.


O novo esquema americano vai substituir o atual, em que apenas contêineres selecionados são investigados.


Os três principais fornecedores de máquinas de raios X para contêineres são a Nuctech Co., uma firma estatal chinesa que domina o mercado asiático; a fabricante americana de material bélico Science Applications International Corp., que atua principalmente no mercado americano; e a Smiths Heinmann GmbH, parte da Smiths Group PLC, uma firma pan-européia. Todas as três concorrem na Europa e na América Latina. Uma quarta empresa, a Rapiscan Systems, divisão da OSI Systems Inc., também fabrica máquinas de raios X, mas está bem atrás das outras em termos de pedidos, dizem analistas.


(Colaborou Hilton Hida)


Editoria: THE WALL STREET JOURNAL AMERICAS
 

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