A Louis Dreyfus Commodities Bioenergia, empresa brasileira do grupo francês Louis Dreyfus, fechou nesta quinta-feira os termos da aquisição das atividades de açúcar e álcool do Grupo Tavares de Melo. O negócio envolve a transferência em curto prazo das unidades produtoras Usina Estivas (RN), Agroindustrial Passa Tempo (MS) e Usina Maracaju (MS), além da destilaria autônoma de álcool Giasa (PB) e a Usina Esmeralda (MS), que está no início da sua construção. Os grupos não revelaram o valor da operação, que não está incluída no orçamento de US$ 516,3 milhões aprovado pela LD Commodities para o Brasil entre 2007 e 2009. Com operações em 53 países o grupo francês tem faturamento global de US$ 20 bilhões.
Com essa aquisição, a LD Commodities passa a ocupar a segunda posição no ranking brasileiro de produção de açúcar e álcool, atrás apenas da Cosan.
“A aquisição das quatro unidades industriais faz parte da decisão do grupo de investir no setor sucroalcooleiro, principalmente diante das projeções de alta demanda de etanol nos mercados doméstico e internacional”, explica Bruno Melcher, diretor-executivo da empresa. No negócio, a LD Commodities e o Grupo Tavares de Melo foram assessorados respectivamente pelo Bradesco BBI e pelo UBS Pactual.
Capacidade de processamento. Já a partir desta safra, dobra a capacidade de processamento de cana-de-açúcar da LD Commodities. “Neste ano, processaremos 11,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Em 2009, devemos moer 18,5 milhões de toneladas em oito unidades industriais. Além disso, as plantas de Mato Grosso do Sul terão sinergia com a nova usina da LD Commodities que está sendo construída no estado e deve ser inaugurada em 2008”, comenta Melcher. A idéia do grupo é destinar metade disso para a produção de açúcar e metade para álcool.
A LD passa a produzir também variedades especiais de álcool para as grandes indústrias farmacêuticas e de bebidas, além de ter fortalecida sua posição no comércio varejista de açúcar das regiões Nordeste e Centro-Sul, onde são distribuídos os produtos das marcas Estrela, Estivas e Dumel.
Para o Grupo Tavares de Melo, a decisão de vender seus ativos industriais do setor sucroalcooleiro deve-se a um realinhamento de negócios. A empresa atua ainda nos setores de embalagens, de calçados e de combustíveis nas áreas de armazenagem e distribuição, além de atividades logísticas.
Segundo o diretor-presidente do grupo, Carlos Tavares de Melo, a parceria com a LD continuará por meio do arrendamento de terras para plantação de cana, já que as propriedades agrícolas não foram incluídas na negociação.
“Essa foi decisão dos acionistas, que consideraram o momento oportuno para o negócio, com a valorização expressiva das ações do setor”, disse Melo.
A produção de açúcar e álcool era o principal negócio do grupo, representando 83% de seu faturamento. Segundo o executivo, estavam previstos investimentos de R$ 600 milhões na capacidade produtiva e realizar melhorias nas usinas do grupo. Desse total, R$ 330 milhões seriam empregados na Usina Passa Tempo e o restante em projetos como o da Usina Esmeralda, que na primeira etapa (a partir de 2009) teria capacidade de processamento de 2 milhões de toneladas de cana.
A Louis Dreyfus Commodities atua no Brasil no processamento, comércio, armazenagem, transporte e exportação de commodities agrícolas. Com faturamento de US$ 1,9 bilhão em 2006, tem sede em São Paulo e operam três fábricas de esmagamento de soja, uma de caroço de algodão, três usinas de açúcar, três fábricas de suco de laranja e 54 armazéns graneleiros. É ainda a maior trading de algodão em pluma do Brasil e uma das maiores de café, além de cultivar 19 mil hectares de pomares de laranja, 57 mil hectares de cana-de-açúcar e operar dois terminais portuários.