24/09/2013 Café da terra
SÃO PAULO – A empresa holandesa de controle biológico e polinização natural Koppert Biological Systems, que está no Brasil desde 2011, aguarda há um ano e meio autorização do Ministério da Agricultura para que um bioinseticida de combate à broca possa ser usado também na cultura do café. Atualmente, o produto é registrado para uso em eucalipto e flores.
O bioinseticida poderia ser uma alternativa aos produtos químicos de combate à broca. De acordo com Gustavo Herrmann, diretor comercial da Kopper do Brasil, existem produtores de café “desesperados” diante da falta de produtos no mercado para combater a praga, uma das principais que atacam a cafeicultura.
Desde agosto deste ano, foi proibida a comercialização do endossulfam, ativo químico muito usado desde a década de 1970. Produtores e representantes do setor dizem que não existem ainda no mercado produtos químicos substitutos ao endossulfam que sejam eficazes e economicamente viáveis. Dois produtos de multinacionais estão na fila para obter o registro. O Conselho Nacional do Café (CNC) estima que a broca poderá atingir 20% da produção de café da próxima safra (2014/15) diante do impasse.
A Koppert também aguarda o registro de cerca de 20 produtos, entre eles, alguns emergenciais, como nematoides, inseto, vírus e feromônio contra a Helicoverpa armigera, uma lagarta que vem causando prejuízos, principalmente, às lavouras de milho, soja e algodão.
O uso de controle biológico tem crescido no país e pode contribuir para produtores que querem obter certificações que limitam o uso de produtos químicos, conforme Herrmann, além de evitar a resistência das plantas a produtos químicos, pois o insumo biológico não vai aniquilar a praga, mas ser seu inimigo natural. Na sua avaliação, existe hoje também uma demanda reprimida de redes de supermercados que querem controlar resíduos de químicos nos produtos comercializados.
A Koppert do Brasil deverá alcançar faturamento de R$ 20 milhões este ano, ante R$ 12 milhões em 2012. Globalmente, a Koopert faturou no ano passado 120 milhões de euros e a estimativa é crescer 15% a 20% em 2013, afirma Herrmann.
O executivo diz que o mercado internacional de controle biológico já discute novas tecnologias, como os bioherbicidas, mas o Brasil ainda passa por fase de comprovação do uso das tecnologias existentes.
Fonte : Valor Econômico