Jundiaí protege água e transforma esgoto em composto orgânico

Por: Rede Bom Dia - SP

22/03/2013 
 

Cidade obteve um registro exclusivo do Ministério da Agricultura para o composto de lodo com poda Mônica Gropelo
 
22/03/2013 08:27
Especial para o BOM DIA

Com a saturação dos aterros sanitários, um dos grandes desafios das cidades é a gestão dos resíduos, compostagem, destinação e reciclagem. Além de trazer para a prática o que a legislação exige, as políticas ambientais e sanitárias caminham, cada vez mais, para que as empresas e administrações públicas tenham uma atuação transparente e concreta na preservação dos componentes da natureza. Projetos viáveis com menores custos, como a gestão do lodo de esgoto em Jundiaí, que contribuem para a liberação de atividades que apresentam um menor impacto ao meio ambiente.


Antes, a cidade tinha o lodo de esgoto, resíduo, e a sua reciclagem era cercada de cuidados. Agora, existe o lodo tratado e transformado em produto, com emprego seguro na agricultura. Essa é a grande virada que a cidade promoveu no ciclo do saneamento público, durante todos esses anos. Ou seja, o esgoto tratado, que na maior parte das cidades brasileiras é depositado em aterros sanitários, causando saturação dessas áreas, ou por questões econômicas retorna novamente aos rios, em Jundiaí passou por um processo bem-sucedido, tornando-se exemplo para outras gestões municipais.


Segundo o engenheiro Fernando Carvalho Oliveira, responsável técnico pela compostagem do lodo de esgoto da ETE Jundia/Companhia Saneamento de Jundiaí, desde de 1998, 100 % dos esgotos coletados são tratados. Esse volume hoje está em torno de 95% do total gerado no município.


Para falar do processamento do lodo em fertilizante orgânico composto, ele começa explicando que no tratamento biológico dos esgotos de Jundiaí são gerados os resíduos de gradeamento e caixa de areia, feita a separação e destinação de cada resíduo.


Essa carga chega na ETEJ e são gerados também o lodo biológico de esgotos, cujo excedente constitui o chamado lodo de esgoto. Dessa forma, a carga poluente, que antes era toda descarregada no rio Jundiaí, um volume aproximado de 80.000 m³/dia de esgotos, hoje é tratada pela CSJ. O lodo que sobra desse processo de tratamento é reaproveitado como matéria prima para produção de fertilizante orgânico composto.


O tratamento de Esgotos / Em meados de 1996, a CSJ/ETEJ, tornou-se a concessionária do tratamento de esgotos da cidade. No início, há mais de 15 anos, eram gerados em torno de 400 toneladas/dia de lodo de esgoto. Hoje, o volume fica em 70 t/dia de lodo de esgoto, com aspecto de uma torta (massa) com 20% de teor de sólidos. Todo este lodo passa por um ambiente protegido por estufas agrícolas e é submetido a um processo de compostagem misturado com as podas urbanas de parques e jardins da cidade.


Parceria inédita / A Prefeitura de Jundiaí recebe e separa as podas urbanas e envia para compostagem na CSJ. Um trabalho inédito, explica Fernando, “pois temos dois resíduos gerados no município, lodo de esgoto e podas urbanas e transformamos em um produto. Quer dizer que estamos transformando resíduos que poderiam ser um problema por causa da destinação em um produto útil, promovendo a reciclagem de nutrientes de forma segura ao ambiente.”.


Por meio de uma parceria entre a CSJ e a Secretaria de Serviços Públicos do Município para o recebimento e trituração de toda a poda urbana gerada na cidade, um volume que chega a 300 t/mês. Segundo Fernando, essas podas, após serem trituradas na CSJ, através de um picador industrial, é misturada ao lodo de esgoto. “Existe um processo de aeração desta mistura com o lodo a uma elevação significativa da temperatura, que chega a 65 graus Celsius, promovendo a total higienização do composto orgânico, eliminando todos os organismos causadores de doenças e transformando o composto num fertilizante de uso seguro na agricultura.”.


Por meio desse trabalho e de um protocolo rigoroso de testes, projetos, atendimento às legislações, rastreamento e acompanhamento, o resultado de todos esses anos de experiência com o lodo de esgoto e dos investimentos é que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento reconheceu a qualidade do fertilizante e conferiu ao mesmo o Registro de Produto Fertilizante Orgânico Composto Classe D, considerando de uso seguro na Agricultura. Um Registro Exclusivo do Fertilizante classe D produzido em Jundiaí.


A gestão desse produto possibilitou a CSJ oferecer o fertilizante orgânico composto a produtores de cana-de-açúcar, eucaliptos, café, plantas ornamentais, viveiros de produção de mudas de eucaliptos e espécies nativas, áreas de produção de tapetes de grama, citros entre outras. Não pode ser destinado para hortaliças, pastagens e culturas, cujas partes comestíveis sejam raízes e tubérculos, como batata e mandioca, por exemplo.


De acordo com o engenheiro, é um resultado de grande contribuição ao meio ambiente, entre outros fatores: “A transformação do lodo de esgoto em fertilizante promove uma contribuição indireta, porém muito importante para a despoluição dos rios. Isto porque ela é uma alternativa mais barata para a destinação final do lodo quando comparada a alternativa convencional que é o aterro sanitário. Além disso ela tem importância reconhecida na reciclagem de nutrientes e evita a criação de passivos ambientais.”


Palestra mostra projeto para poupar a água na indústria


Um dos caminhos para poupar a nossa água é investir em sistemas que possibilitem o reúso. Por essa razão, a DAE promoveu uma palestra, na manhã de ontem, com Marcos Asseburg, diretor da Aquapolo Ambiental. O projeto é considerado o maior do gênero na América do Sul, que utiliza a água de reúso proveniente do esgoto tratado. Esse projeto foi desenvolvido para atender às necessidades de indústrias do Polo Petroquímico do ABC, em Mauá.


Apesar de imprópria para consumo humano, a água de reúso tem diversas aplicações industriais. Essa estação tem capacidade para produzir até 1 mil litros por segundo de água de reúso, o equivalente ao consumo de 300 mil moradores – uma cidade do porte de Guarujá.


Segundo o presidente da DAE, Jorge Yatim, a ideia de trazer uma palestra como essa é justamente para despertar o sentimento de empresas privadas em pensar sobre o assunto. “O próximo passo é conhecer o projeto e começar um estudo para saber quanto isso custaria para ser implantado na cidade”, diz. “É um projeto de longo prazo e que precisa ter consumidor, por isso é necessário uma proposta bem elaborada para apresentar às empresas”, afirma.
 
 

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